Orlando Pontes
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Qual é a natureza do programa nuclear do Irã?
Ghanezadeh – O nosso programa nuclear tem fins pacíficos. Isso foi provado pelos múltiplos monitoramentos feitos nos últimos anos pela AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – nos 17 centros nucleares iranianos. Temos certeza de que, com um acordo abrangente, assegurando a continuação das perícias e monitoramentos, conforme as regulamentações e tratados internacionais, desaparecerão as possíveis preocupações sobre a natureza do programa nuclear iraniano, que é exclusivamente pacífica.
Qual a posição do Irã diante das dúvidas dos ocidentais, que dizem ter probabilidade de fins militares nas atividades nucleares do seu país?
Ghanezadeh – Nós não procuramos a defensiva nuclear. Nós acreditamos que a defensiva nuclear que assegura a destruição mútua é uma loucura. Fomos impedidos de ter acesso a essa tecnologia. Nossos cientistas se empenharam e agora nós temos tecnologia própria. Por isso, essa ciência se transformou em um assunto de dignidade e orgulho nacional. O povo iraniano insiste em usufurir de suas conquistas, que custaram muito. Alguns de nossos cientistas nucleares foram assassinados pelo regime sionista de Israel. Nunca o programa nuclear iraniano teve dimensão militar. Por outro lado, existem países que não permitiram monitoramento internacional, mas com toda a força tentam fazer com que as negociações não resultem em acordo.
Ghanezadeh – Interessante é que o regime que mais se pronuncia sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear é um regime que não é signatário desse tratado. O regime de Israel, com 200 ogivas nucleares, é o pior proliferador de armas nucleares na história contemporânea (proliferator of nuclear weapons). Israel é o único possuidor de armas nucleares na região. E o único invasor na região. E o primeiro-ministro de Israel, responsável pelas repetidas matanças em Gaza, acusa o Irã, um país que há mais de 250 anos não ataca nenhum país. Desde 1992, Netanyahu previne que o Irã, dentro de 2 a 4 anos, chegará a desenvolver arma nuclear.
Qual a sua opinião sobre as forças radicais e extremistas nos EUA que tentam impedir o acordo?
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Ghanezadeh – A medida tomada pelos senadores dos Estados Unidos é no sentido contrário às leis internacionais, os princípios de separação dos poderes nos regimes democráticos e até nos procedimentos de negociações diplomáticas. Isto levou muitas autoridades americanas a contestarem-nas. As coisas evoluem. O grupo que até agora, disfarçadamente, se mostrava apoiador da política da “diplomacia com o Irã” mas trabalhava de forma dissimulada contra os avanços neste sentido, agora ficou obrigado, oficialmente a sair desse grupo, e declarar claramente que tem dificuldades com a diplomacia e o diálogo. E aí está tentando fazer parar as negociações e destruir os resultados alcançados.
O Senhor pensa que as negociações entre Irã e as potências do grupo G+1 chegarão ao resultado final?
Ghanezadeh – Os negociadores do Irã, com ampla autorização e com o intuito de levar as negociações ao resultado final, durante mais de 20 meses de negociação, demonstraram que o Irã não quer mais do que é do seu direito. Portanto, se a parte do G+1 não exigir demasiadamente e for mais pragmático, o acordo será possível. Caso contrário, a parte do G+1, sobretudo os EUA, será responsável pelo fracasso das negociações.
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