O Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais que se iniciou em Curitiba na noite de terça-feira da semana passada (21), no qual o juiz Sérgio Moro foi convidado para fazer parte dos conferencistas, teve um lance inédito, quando um grupo de procuradores planejou subir ao palco no momento em que Moro fosse chamado, empunhando faixas com as oito letras da palavra “V-E-R-G-O-N-H-A”, ato que foi impedido pela ação rápida, porém discreta, da equipe de segurança do evento, que apreendeu os objetos. Com as faixas apreendidas, os procuradores mudaram de estratégia: começaram a vaiar e gritar a palavra “vergonha” toda vez que o nome de Moro era citado no alto-falante.
Na verdade, o movimento de protesto nasceu há seis meses, quando os procuradores receberam a notícia de que Sérgio Moro seria um dos palestrantes do evento. Setenta e dois membros da Associação Nacional de Procuradores Municipais (ANPM) enviaram uma carta à organização “visando preservar nossa entidade de qualquer acusação de partidarização política”. O texto, enviado no dia 25 de maio, também ressalta que “o juiz Sérgio Moro é visto como um julgador que fragiliza o modelo acusatório desenhado na Constituição de 1988, revelando pouco apreço ao processo justo”.
A propósito, a procuradora Rosaura Brito Bastos, de Fortaleza, veio a público para explicar os verdadeiros motivos dos protestos: “a gente considera o convite a Sérgio Moro uma afronta para a advocacia. O evento é de advogados, e ele é um juiz que reconhecidamente não respeita as prerrogativas dos advogados. Inclusive, ele já mandou um advogado fazer concurso para juiz, o que é um absurdo e um desrespeito à classe”, justifica.
Por sua vez, o ex-presidente da ANPM, procurador Guilherme Rodrigues, que organizou o atual congresso, deu a sua opinião insuspeita: “eu vi que ele levou até um susto quando a gente começou a dizer que (a presença dele) era uma vergonha. Ele não esperava isso! Nem toda a classe está idiotizada. Nem todo mundo entrou nessa barca furada, nesse jogo midiático. É bom que isso fique registrado!”, concluiu.
Mas, pelo jeito, os representantes da mídia não estavam presentes para registrar o pronunciamento à opinião pública, prova evidente de que o juiz Sérgio Moro está bem entrincheirado, a soldo só Deus sabe de quem!