Fátima Sousa (*)
A dengue é uma doença grave que causa preocupação em todo o mundo, e o Distrito Federal não tem sido exceção. Portanto, é fundamental chamar a atenção das autoridades sanitárias e dos governantes para a necessidade de um planejamento integrado no combate a essa arbovirose. A prevenção não pode ser feita de forma improvisada.
É necessário planejamento coordenado do governo, em especial as secretarias de saúde, educação, meio ambiente e infraestrutura. A atuação conjunta dessas pastas é essencial para o combate efetivo ao Aedes aegypti e para a conscientização da população sobre medidas preventivas.
Infelizmente, o DF não se preparou adequadamente para a explosão da dengue, negligenciando o papel vital dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes de Combate às Endemias (ACE), aqui denominados Agentes de Vigilância Ambiental (AVA).
Esses profissionais desempenham importante papel na identificação de focos de reprodução do mosquito, na orientação da população sobre os cuidados necessários e nas ações de combate nos territórios.
Os ACS e os AVA são profissionais capacitados e treinados para atuar nas comunidades, identificando e combatendo os focos de reprodução do mosquito. Os ACS são responsáveis por realizar visitas domiciliares, orientando os moradores sobre as medidas preventivas, identificando possíveis focos do mosquito e realizando ações de controle, como a eliminação de recipientes com água parada e o tratamento adequado de caixas d’água e reservatórios.
Já os AVA são responsáveis por vistoriar áreas públicas, como terrenos baldios, praças e escolas, identificando possíveis focos do mosquito e realizando ações de controle, como a aplicação de larvicidas e inseticidas.
Ambos os agentes atuam na conscientização da população, promovendo a adoção de práticas preventivas, como o uso de repelentes, o cuidado com a água armazenada e a eliminação de criadouros.
Além disso, também atuam na identificação de casos suspeitos de dengue, encaminhando-os para o devido tratamento e acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), principalmente, junto às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF).
É importante também destacar o alto custo que a desorganização governamental acarreta. Ao invés de investir em prevenção e promoção da saúde, de um agravo já conhecido e anunciado há décadas, o governo declara situação de emergência na saúde pública, em decreto no Diário Oficial (DODF-25/01/2024).
A medida lhe assegura “liberdade” para fazer contratos emergenciais tanto de pessoas, quanto de insumos estratégicos, nesse particular, caos na rede de assistência, das UBS aos hospitais. Logo, o improviso acaba sobrecarregando o sistema de saúde.
Nesse sentido, é fundamental que as autoridades sanitárias e governantes do DF reconheçam a importância de um planejamento integrado e do fortalecimento dos ACS e dos AVA. E mais, não se pode “brincar” com o bem mais precioso de um povo: sua saúde e vida.
As pessoas, famílias e comunidades não podem pagar com suas próprias vidas o preço da desorganização do governo. É necessário agir de forma proativa, investindo em prevenção, educação e no fortalecimento da estrutura de combate à dengue. Somente dessa forma será possível combater, a dengue e proteger a população, garantindo um futuro mais saudável e seguro para todos.
(*) Professora associada do Departamento de Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB