Um dia antes de receber o relatório sobre o pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que, mesmo afastado das funções de parlamentar, o peemedebista segue manobrando e tentando intimidá-lo. Na tarde de ontem, em entrevista ao Correio, Araújo afirmou que Cunha continua instrumentalizando aliados e adversários locais do deputado numa tentativa de desestabilizá-lo. O relator do caso, Marcos Rogério (DEM-RO), entrega hoje, às 11h, o relatório em que deve recomendar a cassação de Cunha.
“Mesmo afastado, ele (Cunha) continua dando as cartas na Câmara. Trama com aliados para tentar me intimidar. Políticos do interior da Bahia intensificaram ataques contra mim. Eu já respondi tudo e provei que se trata de um grileiro de terra que é alvo do Ministério Público. Cunha desrespeita a decisão do STF e continua manobrando, mesmo afastado das funções”, afirmou.
O presidente do colegiado ressaltou que Waldir Maranhão, que ocupa interinamente a presidência da Câmara, executa as ordens de Eduardo Cunha. “Ele, a mando de Cunha, deu um despacho na semana passada limitando o escopo da investigação do Conselho de Ética. Mas ele não vai me intimidar. Cunha trocou integrantes do colegiado para se beneficiar”, afirmou.
Os próximos passos » Hoje, o relator do processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério, entrega o parecer, que deve recomendar a cassação do peemedebista
» Na quinta-feira, o presidente do Conselho de Ética deve convocar uma sessão para leitura do relatório » É provável que, como é de praxe, ocorra pedido de vista. Nesse caso, o prazo é de dois dias úteis. Sendo assim, a apreciação só poderia ocorrer a partir de 6 de junho » A expectativa dos integrantes do Conselho de Ética é de que, até 9 de junho, o relatório seja votado no colegiado » Para ser aprovado, o documento precisa de 11 votos favoráveis. Se passar pelo Conselho de Ética, o documento segue para apreciação na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) » Em seguida, por tramitar em regime de urgência, uma vez que o prazo legal de 90 dias úteis para a conclusão do processo já expirou, o pedido de cassação de Cunha pode ir imediatamente ao plenário da Casa » Para cassar o mandato do deputado é preciso que a maioria absoluta, em votação aberta, aprove o parecer, o que significa 257 votos de um total de 513