Chico Vigilante (*)
Fiquei muito preocupado e estarrecido com o presidente Jair Bolsonaro, o qual costumo chamar de Capitão-Capiroto, aconselhando o governador Ibaneis Rocha a ignorar as consultas públicas e impor a militarização nas escolas públicas do Distrito Federal.
É um absurdo esse aconselhamento, que somente poderia ter vindo dessa pessoa despreparada que ocupa a Presidência da República por um erro do destino.
Mas é preciso dizer ao governador e ao Capitão-Capiroto que o DF é uma unidade da Federação dotada de autonomia política, administrativa e financeira, com legislações próprias, uma casa legislativa atuante e, inclusive, com uma lei específica que determina a gestão democrática e participativa nas escolas públicas.
Ou seja, ente externo algum tem o poder de impor o modo como o Distrito Federal deve proceder com a gestão de suas escolas públicas, passando por cima da Lei, inclusive.
Ao invés desta imposição de se tornarem militarizadas, as escolas públicas do Distrito Federal necessitam, com urgência, de recursos para a compra de equipamentos, melhora da merenda e contratação de mais professores. E essas são apenas uma parte das reais necessidades do ensino público da nossa cidade.
Também cabe, aqui, uma reflexão sobre a ação policial. A Polícia Militar do DF, já há alguns anos, não tem um efetivo suficiente para realizar a segurança das ruas. Infelizmente, a todo momento, o brasiliense é vítima de assaltos, arrombamentos e violência dos mais diferentes tipos.
Nesta semana, alcançamos a infeliz marca de vinte e dois crimes de feminicídio somente em 2019.
À PM cabe fazer a segurança pública e, no que tange ao ensino público, no âmbito externo das escolas. Até, porque, não há nem efetivo e nem recursos suficientes nos cofres públicos para bancar essa militarização. A disciplina no interior das unidades escolares deve ser realizada pelos professores e profissionais pedagógicos da Secretaria de Educação.
É lamentável que o governador Ibaneis não tenha reagido com firmeza e rapidez a esse disparate. Esperávamos que o nosso governante tivesse dado um recado claro ao presidente de quem comanda o Distrito Federal, e não ter aceitado calado.
Essa é uma situação absurda à qual estou me insurgindo contra. Espero que a sociedade brasiliense reflita e reaja, enquanto é tempo.
Espero que o governador Ibaneis, eleito com os votos da população do Distrito Federal, assuma o papel de defensor dos interesses da comunidade brasiliense e se posicione de forma contrária a essa imposição de um presidente protótipo de ditador que, a cada dia, vem se notabilizando por ataques à democracia do País.
(*) Deputado distrital pelo Partido dos Trabalhadores e líder do Bloco PT/PSOL na Câmara Legislativa