Júlio Pontes
Santa Quitéria, o maior município em extensão territorial do Ceará, realizou, no domingo (26), eleições suplementares para prefeito e vice, após uma campanha que durou apenas 33 dias – período mais curto do que o normal, que é de 45 dias. Três candidatos concorreram ao comando do Executivo municipal: Cândida Figueiredo (União), Joel Barroso (PSB) e Lígia Protásio (PT).
Os eleitores locais precisaram votar de novo porque o prefeito e o vice eleitos em 2024, Braguinha e Gardel Padeiro, foram cassados por abuso de poder político e econômico. E repare no “detalhe”: a dupla foi acusada de ter recebido apoio do Comando Vermelho (CV) para se eleger.
De acordo com a Justiça, em 2024 a facção ameaçou apoiadores da oposição, ofereceu drogas em troca de votos durante a campanha e intimidou eleitores. Parece cena do filme Tropa de eElite, mas a história é real e, acredite se quiser: ela não termina aqui. O novo prefeito de Santa Quitéria, eleito em outubro de 2025, foi Joel Barroso, correligionário e filho de Braguinha.
Você não entendeu errado: a Justiça afastou o prefeito por envolvimento com o Comando Vermelho e o filho dele ganhou a eleição suplementar com 53,21% (13.161 votos). Apesar de tudo, o Ministério Público Eleitoral disse que “o clima da eleição transcorreu de forma tranquila”.
Tal “tranquilidade” foi assegurada por um forte aparato de segurança formado pelas forças municipais e estaduais e com direito à presença de equipes da Polícia Federal e até da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Como profissional de marketing político, pesquisei nas redes sociais das adversárias de Joel Barroso para saber como utilizaram na campanha as graves denúncias contra o pai dele. Para minha surpresa, estranhamente, por medo ou respeito, nenhuma das opositoras explorou o envolvimento de Braguinha com o Comando Vermelho no município.
Rio Grande do Norte – Em 2024, durante a campanha eleitoral, o então prefeito da cidade de João Dias, Francisco Damião de Oliveira, foi morto junto com seu pai. A principal suspeita do crime foi a adversária de Damião à época, e o Fantástico ligou o crime à presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) no município. Depois do assassinato, a viúva Maria de Fátima Mesquita da Silva, do União Brasil, se tornou prefeita.