Gutemberg Fialho (*)
A onda antivacina parece estar cumprindo sua meta. No Distrito Federal, as taxas de cobertura vacinal contra a poliomelite e a influenza estão abaixo de 60%. Mesmo com uma pandemia, que mostrou a importância dos imunizantes e a seriedade da ciência, ainda há quem insista em lutar contra o certo. No mesmo cenário, é relevante ainda uma reflexão sobre a dengue. Em um ano, os casos da doença aumentaram 400% no DF. O que falta para vencermos este inimigo?
Ao todo, segundo dados da Secretaria de Saúde, mais de 68 mil pessoas foram infectadas pela dengue este ano. Em 2021, foram 13.225. O aumento, bem acima do que poderia ser considerado normal, chama a atenção. De novo, é pertinente a pergunta: falta interesse em combater a dengue? O que falta para vencermos este inimigo? Uma vacina contra a doença não faria toda a diferença neste cenário? Sim, faria. Mas, ao contrário da covid-19, o fato é que o vírus da dengue só é um problema em países fora do eixo América do Norte-Europa. Ou seja, um problema para os mais pobres.
O economista e professor Ladislau Dowbor tem uma frase que resume bem essa situação, sobre o não interesse mundial por uma vacina contra a dengue: “A grande riqueza e a grande pobreza são igualmente patológicas para a sociedade”. Trocando em miúdos, se a dengue atingisse países ricos, certamente já haveria um imunizante contra ela. A boa notícia, contudo, é que há previsão para a liberação de uma vacina contra a doença em 2024. O Instituto Butantan começou, nesta semana, a última fase de testes.
Enquanto não sai a vacina, porém, o Poder Público e nós, cidadãos, devemos fazer o dever de casa. Aqui no DF, a Subsecretaria de Vigilância Sanitária chegou a afirmar que o aumento dos casos de dengue é resultado do acréscimo de testes. Será? Pelo sim ou pelo não, o melhor é não deixar água parada virando criadouro para o mosquito. Além disso, é sabido que o saneamento básico é um importante aliado no combate à dengue, sem esgoto ou lixo a céu aberto. Como acontece, por exemplo, na Estrutural e em outros locais do DF.
Voltando à onda antivacina: a poliomelite, como dito anteriormente, foi erradicada do Brasil e, agora, corre o risco de voltar porque os pais não estão vacinando seus filhos contra a doença. Isso é muito grave! O vírus pode causar paralisia e até matar. Então, pais, por favor, vacinem suas crianças que têm de um a quatro anos de idade. As vacinas são seguras e eficazes. Essa desmobilização em torno das vacinas apenas coloca mais vidas em risco. E o pior: ainda nem vencemos a covid-19.
Vamos pensar coletivamente. Vacinas salvam!