Orlando Pontes
Os resultados das pesquisas eleitorais para o Governo do Distrito Federal apontam para uma possível vitória de Ibaneis Rocha (MDB) ainda no primeiro turno. Isto pode sinalizar que as manobras do atual governador para “ganhar a reeleição por W.O.” foram exitosas.
Ibaneis conseguiu demover a deputada Flávia Arruda (PL) e o marido dela, o ex-governador José Roberto Arruda (PL), de disputarem sua sucessão. Também escanteou o atual vice, Paco Brito (Avante), para abrir espaço para a deputada Celina Leâo (PP), outra possível adversária.
De quebra, ele ainda fez um mimo a um de seus maiores aliados, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), um dos caciques do PP. Já Paco Brito, preterido do sonho de ser vice de novo, teve de se contentar com uma vaga para concorrer a deputado distrital.
Manobra ousada
Mas, sem dúvida, a jogada mais ousada de Ibaneis foi o acordo com o presidente regional do União Brasil, Manoel Arruda. Após seguidas reuniões, inclusive na residência do governador, no Lago Sul, o líder do UB negou legenda para José Reguffe se candidatar a governador.
Entre outras vantagens, como, por exemplo, promessas de espaços numa eventual nova gestão Ibaneis, o presidente do UB se tornou primeiro suplente na chapa de Damares Alves (Republicanos) ao Senado.
Advogado, assim como Ibaneis, Arruda só não conseguiu convencer Reguffe a ser candidato a deputado federal, mesmo diante da oferta de uma bolada de R$ 3,1 milhão do Fundo Eleitoral para o senador gastar na campanha.
Pule de dez
Agora, com a campanha em curso, a sensação de Ibaneis é de correr sozinho na raia. Para os apreciadores do turfe, ele seria “pule de dez”. Porém, em política, muito mais do que em corrida de cavalos, não existe a lógica de ganhar o páreo antes de cruzar a linha de chegada. E o jogo eleitoral só acaba após a apuração dos votos nas urnas.
Falta alguém
Quem olha para o cenário eleitoral do DF fica com a sensação de que está faltando um personagem: Reguffe. O senador, hoje sem partido, pontuou em toda a pré-campanha como segundo colocado e era apontado como o único capaz de derrotar Ibaneis no segundo turno.
Apeado da disputa majoritária, resta a Reguffe emprestar seu apoio, entre outros, a aliados como Daniel Radar, Pedro Ivo, Jonathan Couto e Rebeca Gusmão, que tentam ingressar na Câmara Legislativa; e Samantha Meyer, candidata a deputada federal.
Protocolo Reguffe
Para isto, cada um deve se comprometer com o que ele chama de “protocolo Reguffe”. Entre outras exigências, abrir mão de verbas indenizatórias, carro oficial, aposentadoria parlamentar, votar contra qualquer aumento de imposto, reduzir a verba de gabinete e o número de assessores e encaminhar recursos de emendas parlamentares exclusivamente para a Saúde, a Segurança e a Educação.
Prato que se come frio
Reguffe dificilmente se posicionará a favor de um dos concorrentes ao GDF no primeiro turno. Mas, vingança é um prato que se come frio. E tudo leva a crer que o senador arregaçará as mangas no segundo turno para eleger qualquer um que venha a enfrentar Ibaneis.
No entanto, a exemplo do que tem feito com os candidatos proporcionais, o senador deverá impor condições. Como estará sem mandato, poderá dedicar-se a contribuir com a possível futura gestão, implantando suas ideias na Saúde e na transparência dos gastos públicos.
Duelo indireto
Ibaneis que se prepare para o duelo indireto com o adversário que conseguiu tirar de campo antes mesmo de o jogo começar. Afinal, onde quer que esteja o atual governador, é do lado contrário que estará Reguffe.
E qual candidato a suceder Ibaneis abrirá mão dos votos de Reguffe?