A menos de um mês da COP30, em Belém, lideranças indígenas e de comunidades tradicionais realizaram, na segunda (13), uma marcha na Esplanada dos Ministérios para cobrar do presidente Lula a demarcação de 104 terras indígenas que aguardam decisão do governo federal. Dessas, 67 áreas precisam da assinatura do petista e outras 37 dependem do aval do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
O ato fez parte da Pré-COP Indígena, promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com apoio da Avaaz e de outros movimentos sociais. Além disso, a campanha #DemarcaLula é apoiada por uma petição da Avaaz, que já reuniu mais de um milhão de assinaturas em petição pedindo o avanço das demarcações antes ou durante o evento das Nações Unidas.
“Cada terra indígena demarcada é um escudo contra o desmatamento. A ciência comprova o que já sabemos: terra demarcada é floresta em pé e viva. Só nossos territórios na Amazônia geram 80% das chuvas que regam o agronegócio no Brasil. Na COP30, o presidente Lula pode mostrar ao mundo que o Brasil lidera com ações, não com promessas. Basta uma caneta e coragem para transformar a história do país e do clima”, afirmou Kleber Karipuna, diretor executivo da Apib.
De acordo com as organizações, de 2001 a 2021, as Terras Indígenas da Amazônia absorveram 340 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis do Reino Unido. Apesar disso, os territórios enfrentam lentidão no processo de reconhecimento e homologação.
Para o diretor de Direito e Políticas Públicas da Avaaz, Mauricio Guetta, a demarcação não é um gesto de boa vontade, mas, sim, uma obrigação constitucional e uma das ações mais eficazes para enfrentar a crise climática. “Não podemos esperar que a destruição avance sobre os territórios para depois lamentar. A COP30 é a oportunidade de remediar séculos de injustiça”, ressaltou.