Raiane Oliveira de Araújo (*)
Caroline Romeiro (**)
No futebol atual, a nutrição deixou de ser detalhe e passou a ser parte fundamental da preparação dos atletas. O que antes era visto apenas como “comer bem para ter energia”, evoluiu para protocolos individualizados que consideram posição em campo, intensidade de treinos, calendário de jogos e características físicas de cada jogador.
Hoje, a nutrição esportiva é tratada como ciência aplicada, lado a lado com a preparação física e a estratégia técnica. Essa evolução aparece em práticas que já fazem parte do dia a dia dos clubes. A chamada periodização nutricional ajusta a alimentação conforme as demandas da semana.
Carboidratos complexos são priorizados nos treinos de maior intensidade; refeições leves e de fácil digestão antecedem os jogos, enquanto o intervalo serve para repor energia rapidamente com frutas, isotônicos ou géis esportivos. Após a partida, proteínas de alto valor biológico combinadas a carboidratos garantem a recuperação muscular e a reposição dos estoques de glicogênio.
Esse cuidado reduz inflamações, acelera a regeneração e prepara o corpo para a próxima rodada, mesmo em calendários apertados.
A ciência mostra que pequenas variações fazem diferença. Perder apenas 2% de líquidos já compromete o desempenho físico. Da mesma forma, iniciar uma partida com reservas de energia baixas significa menos intensidade e maior risco de fadiga no segundo tempo.
Esse cuidado já é realidade consolidada nos clubes brasileiros e em equipes internacionais. A presença de nutricionistas esportivos em elencos profissionais e nas categorias de base deixou de ser exceção e se tornou rotina. O acompanhamento envolve educação nutricional, orientações para viagens, monitoramento da composição corporal e avaliação constante do estado de hidratação.
Mais do que tendência, trata-se de uma mudança estrutural no esporte. A alimentação passou a ser encarada como parte do jogo, capaz de influenciar o resultado de uma partida, a disposição nos minutos finais e a consistência ao longo de uma temporada.
Comer bem já não é suficiente: é preciso comer certo, na hora certa e de acordo com a demanda de cada atleta.
(*) Estudante de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB) – Autora
(**) Professora da UCB, nutricionista e colunista do Bsb Capital – Revisora