Como já afirmei aqui neste Brasília Capital (no qual permaneço há quase quatro anos com total liberdade de opinião, por beneplácito de meu velho amigo e chefe Orlando Pontes) nunca aceitei convites para me inscrever em partido político, mesmo quando havia só dois: o MDB (sem o “P”) e a ARENA. No momento, são 35, por enquanto.
Minha opção por não me filiar a legendas políticas deve-se, simplesmente, porque acredito que jornalista não pode ser torcedor de sigla partidária. É uma questão de ética. Diante do atual tsunami de golpe e contragolpe pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, tenho me omitido de fazer análises ou comentários a respeito, até porque os personagens em questão estão confundindo Política (com “P” maiúsculo) com politicagem (com “p” minúsculo).
A começar porque quem está comandando o processo de afastamento da presidente da República chama-se Eduardo Cunha, corrupto comprovado, com depósitos em bancos da Suíça de milhões de euros, dinheiro público surrupiado e fruto de propinas -, conforme farta documentação já apresentada ao Supremo Tribunal Federal. Surpreendente mesmo é o fato de o dito cujo continuar impune. E mais: na última votação da comissão especial em que a Dilma perdeu por 38 x 27 votos, aparece num flagrante o deputado oposicionista Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, exibindo uma linda banana de braços cruzados, para que o mundo civilizado constate o baixo nível de nossos representantes do povo.
Mas, o que mais vem me chocando é o comportamento do vice-presidente da República. Em duas oportunidades, o senhor Michel Temer demonstrou ostensivamente a sua desmedida ambição. Na primeira, quando publicou na imprensa uma carta queixosa dirigida a Dilma, quando o mais ético seria formular seus argumentos pessoalmente, já que são vizinhos de palácios de trabalho e residenciais. A segunda, nesta semana, deixando vazar um áudio como se já fosse o chefe da Nação.
Aliás, para mim não é surpresa. Confesso que, desde o início, nunca fui com a cara comprida do Temer. Qualquer detalhe sutil em sua expressão fisionômica não me inspira confiança. E agora confere com os atos de um político que insiste em praticar politicagem, tal qual a maioria dos seus pares.
Com Impeachment ou sem Impeachment, que Deus salve o Brasil!
O Golpe Militar que só foi confirmado 50 anos depois
Por falar em Judas e Politicagem
As minhas mil viagens