A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Leonel Julio, o presidente da União dos Vereadores do Estado, Sebastião Miziara, e outras cinco pessoas acusadas de ligação com a “Máfia da Merenda”. Todos eles são alvo de mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça de Bebedouro, no interior paulista.
As prisões fazem parte da “Operação Alba Branca”, que investiga uma quadrilha acusada de fraudar contratos para fornecimento de merenda a pelo menos 22 prefeituras paulistas, além do governo do estado. Os outros detidos nesta terça-feira seriam representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), principal responsável pelo esquema.
Julio, de 80 anos, foi presidente da Assembleia em 1976, durante o regime militar. Integrante do MDB, ele acabou tendo seu mandato cassado e perdendo seus direitos políticos por 10 anos após se envolver em um escândalo. Ele voltaria à vida pública em 1989, como deputado federal. O filho dele, Marcel Ferreira Julio, é apontado como principal operador do esquema.
Marcel está foragido desde 19 de janeiro, quando foi deflagrada a primeira fase da Alba Branca. Ele é acusado de aproveitar os contatos políticos do pai para conseguir acesso a políticos. O lobista é apontado, ainda, por ser o elo entre a cooperativa e o Palácio dos Bandeirantes.
Interceptações telefônicas mostram Julio negociando com o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, mudanças em um contrato da Coaf com o governo estadual. “Moita”, por sua vez, diz que as modificações foram propostas pelo ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação, Fernando Padula.
Políticos citados
As denúncias da “Máfia da Merenda” também envolvem o atual presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), que nega as acusações, e outros políticos paulistas: os deputados estaduais Luiz Carlos Gondim (SD) e Fernado Cury (PPS), além dos deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e do secretário de Transportes e Logística Duarte Nogueira (PSDB).
A “Máfia da Merenda” é acusada de fraudar licitações para fornecimento de suco de laranja para merenda escolar basicamente de três formas. Primeiro, a Coaf comprava a laranja em centros de distribuição e forjava documentos que diziam que a fruta vinha de pequenos produtores – por lei federal, 30% da merenda deve vir da agricultura familiar.
Depois, a quadrilha combinava o preço do edital com outras duas empresas, para garantir que venceriam naquela cidade. Por fim, distribuíam propina a políticos e agentes públicos para garantir a conivência nesses contratos e eventuais aditamentos.
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