Acontece hoje, 31, a sexta edição do Declame para Drummond. O evento é realizado por meio da circulação de poesia autoral, onde cada poeta selecionado escolhe a maneira de divulgar os poemas inscritos, incluindo o seu. Numa rede em todos os estados brasileiros, a poesia celebra este ano os 114 anos de Carlos Drummond de Andrade.
Idealizado por Marina Mara em 2006, o Declamando para Drummond ocorre a cada dois anos sempre no aniversário do poeta. “Eu morava no Rio e sempre ia conversar com ele no banco da praia”, conta Marina, se referindo à estátua de Drummond existente num banco no Posto 5, da praia de Copacabana. “Ele era um bom companheiro nas horas que me sentia sozinha, e dessa amizade surgiu a ideia de celebrar o poeta espalhando poesia pelo país.
Olivia Maia e seu companheiro Elício Pontes, falecido este ano, trocavam poesia por sorrisos. Saíam pela cidade com uma cesta de poemas escritos por eles e distribuíam para as pessoas. “Elicio e eu participamos ativamente em 2012 e 2014. Este ano, participarei juntamente com a Marina representando o Elicio e o Drummond”, conta Olívia.
Os mais de 300 poetas que já participaram com do Declame para Drummond, tiveram projeção com os mais de 45.500 poemas distribuídos nas cidades onde atuaram. Houve divulgação em jornais, sessão de autógrafos de suas obras, além de fazerem novos amigos nos eventos que organizaram.
Olívia e o professor Elicio, por exemplo, levaram seus poemas para a Itália. “Morria de vergonha de me aproximar de pessoas que não conhecia, mas os brasileiros que encontramos lá receberam com carinho e muitos sorrisos os nossos poemas-presente”. Elicio será homenageado. “Ele fez a passagem e agora virou poesia e seus poemas serão distribuídos”, completa Marina.
Drummond para Sempre
Na calçada de Copacabana
o coração de Drummond
puro aço de Itabira
bate vivo e poético.
A pedra do caminho
desgraçadamente
alojou-se no peito daqueles
que roubam os óculos de Carlos.
Pobres vândalos
estão cegos
insensíveis como pedra
(que a pedra me perdoe a comparação)
mas o homem de aço continua
sentado no meio do caminho
vencedor do vento do sol e da chuva.
Ele vê tudo neste mundo
cada vez mais vasto e devastado.
Sua eternidade não depende do metal
que um dia vai se desfazer em nada.
O poeta ainda viverá depois de morto
o último ladrão de óculos e de poesia.
(do livro Eterno Finito de Elicio Pontes)
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