Torneiras secas fazem até escola suspender as aulas. Foto: Reprodução
Moradores de Planaltina e Sobradinho ainda não sabem quando voltarão a ter abastecimento de água. A informação é de técnicos da própria Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb). O problema também atinge o Vale do Amanhecer, na mesma região. A causa da falta d’água é a redução gradativa dos mananciais, de acordo com informação da Caesb à TV Globo.
Há muita indignação porque, argumentam vários moradores, a interrupção do fornecimento de água aconteceu sem nenhum aviso. A TV mostrou pessoas com carrinhos levando baldes d’água pelas ruas. Eles foram buscar em outros bairros de Planaltina em que o abastecimento não foi interrompido.
Por causa da seca, a Escola Classe 7, onde estudam 430 crianças, teve as aulas suspensas e, se o abastecimento não for retomado, o horário vai ser reduzido para duas horas e meia nesta quarta-feira (18), afirmou a direção. As atividades, ainda que em menor período, só vão ser mantidas porque a direção abastece a caixa com água comprada de um caminhão pipa.
Temperatura histórica
A Estação de Águas Emendadas, em Planaltina, registrou no último domingo (15) a maior temperatura da história do Distrito Federal: 37,3 °C. A sensação térmica era de 40 °C no momento. O antigo recorde era 36,4 °C, de outubro de 2015. No mesmo horário, a umidade relativa do ar chegou a 11% no Gama – índice semelhante ao registrado em alguns dos locais mais áridos do mundo, como Wadi Halfa, no Sudão, no deserto do Saara, e Aoulef, na Argélia.
De acordo com a meteorologista Maria das Dores Azevedo, ainda não há previsão de mudanças climáticas. \”A explicação para isso é a massa de ar seco e quente que se encontra aqui na região deixando o céu claro com névoa seca, muito sol e calor, além de temperaturas elevadas.\”
A baixa umidade do ar é considerada preocupante pela Organização Mundial de Saúde (OMS) pelos efeitos que provoca no organismo – desidratação, mal-estar, dificuldade de respiração, secamento de mucosas. Segundo o órgão, a umidade ideal é de 60%.
Por causa da seca, a Defesa Civil declarou estado de emergência no DF na sexta-feira (13). A orientação é que a população suspenda a prática de atividades físicas e trabalho ao ar livre entre 10h e 17h, aumente a ingestão de líquidos, evite banhos demorados com água quente e muito sabonete, use protetor solar em abundância e umidifique o ambiente com aparelhos e toalhas molhadas.
Neste período, crianças e idosos devem receber atenção especial, pois são os mais afetados pelo clima seco.
Os índices entre 10% e 15% aproximam o DF da umidade registrada no deserto do Saara, na África. Segundo a Defesa Civil, a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende como \”ideal\” uma medição de 60%.
Córregos \”secos\”
Na sexta, a Caesb anunciou que vai interromper a captação de água em córregos de Brazlândia, Planaltina e Sobradinho. Com isso, as regiões terão o abastecimento comprometido em dias da semana ainda não especificados. A companhia disse que a medida é para “evitar falta de água em maior proporção”.
O motivo, é que além dos reservatórios do DF estarem com os níveis mais baixos da história – entre 12% e 26% na ocasião – os córregos também estão secando. Em entrevista à TV Globo, o presidente da Caesb Maurício Luduvice explicou que os níveis dos principais córregos estão “tão baixos” que as bombas “não conseguem captar a água”.
“Essas regiões são abastecidas por um sistema independente, ou seja, a gente não tem um reservatório para armazenar a água. Dependem, única e exclusivamente, da água que chega na nossa capitação.”
Como a captação é feita diretamente no curso do rio, com a mudança, toda a vez que o nível dos córregos ficarem abaixo das bombas vai faltar água. Na prática, segundo a Caesb, não é possível prever nem avisar aos moradores quando eles vão ficar sem abastecimento. A recomendação é adquirir uma caixa d\’água.
Em nota, a companhia pede, ainda, que a população “continue a exercer um consumo consciente e adequado da água”, de forma a “manter e ajudar na melhoria do sistema como um todo”.
Fonte: G1