O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou nesta segunda-feira (4) que foi aberta investigação para “apurar indícios de omissões de informações sobre prática de crimes no processo de negociação para assinatura do acordo de colaboração premiada do caso JBS”. A colaboração tem sido muito criticada porque Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, controlador do Frigorífico JBS, saiu livre depois de acusar 1,8 mil políticos e o presidente da República, Michel Temer. Segundo Janot, dependendo do resultado da investigação, os benefícios oferecidos no acordo de colaboração dos irmãos Joesley e Wesley Batista poderão ser cancelados.
“Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente quinta-feira, às 19h. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas a Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Tais áudios também contêm indícios, segundo esses dois colaboradores, de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller”, declarou Rodrigo Janot, em entrevista coletiva. \”Ao longo de três anos, Marcelo foi auxiliar do procurador-geral, procurado por suas qualidades técnicas. Se descumpriu a lei no exercício das funções, deverá pagar por isso\”, enfatizou.
Em sigilo
Ele não revelou o nome dos dois delatores que, na conversa, revelam fatos que podem ser indícios de crimes praticados. Janot enfatizou aos jornalistas que ainda que ocorra a rescisão dos benefícios concedidos aos delatores, eventuais novas denúncias não estarão inviabilizadas porque todas as provas continuam válidas.
\”Vamos deixar claro. A provável rescisão de um acordo de colaboração premiada, se ocasionada pelo colaborador, não invalida nenhuma prova. Todas as provas continuam hígidas, válidas. O único resultado negativo é para o próprio colaborador, que perde toda ou em parte a premiação que lhe foi concedida.\”
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