As buscas e apreensões autorizadas pela Justiça Federal e cumpridas desde a manhã de hoje pela Polícia Federal como continuação da Operação Lava Jato tem como objetivo colher informações sobre possível pagamento de propina em contrato assinado entre a Petrobras e as empresas Ecoglobal – Ambiental Comércio e Serviços Ltda e Ecoglobal Overseas.
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Nas apreensões da primeira fase da operação, a PF havia colhido documentos relativos a contratação da Ecoglobal pela estatal. Agora, as autoridades querem saber por qual motivo na mesma época da contratação, em 2013, estariam sendo negociadas 75% das cotas da Ecoglobal para o grupo empresarial Quallity Holding, do qual participa Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa, por meio da Sunset Global Participações. Outra empresa, a Tino Real participações também participava das negociações.
Toda a negociação para vendas de cotas era condicionada à consolidação do contrato com a estatal. Entre os documentos apreendidos pela PF, uma carta-proposta confidencial foi encontrada e é assinada pelos donos da Ecoglobal, Vladmir Magalhães da Silveira, os da Tino, Maria Thereza Barcellos da Costa e Pedro Carlos Storti Vieira.
O mandado para buscas foi expedido pela Justiça Federal do Paraná e afirma que “há fundada suspeita sobre a licitude desse negócio”. “Primeiro, pelo já fundamentado na decisão do evento 22, especificamente, pelas provas, em cognição sumária, que apontam o envolvimento de Alberto Youssef em crimes de lavagem de dinheiro e financeiros, inclusive igualmente em possível crime de corrupção ativa de Paulo Roberto Costa. Segundo, causa estranheza que empresa que logre obter contrato de 443 milhões de reais seja negociada na mesma época, 75% das cotas, por 18 milhões. Os fatos sugerem atuação dos compradores das empresas Ecoglobal na obtenção do contrato junto à Petrobras, ainda não esclarecidos os meios, com concomitante aquisição da referida empresa, sugerindo que não poderiam estar antes no quadro social, o que gera fundada suspeita da licitude”.
As novas ações da PF visam também esclarecer qual era a verdadeira relação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto da Costa, preso no último dia 19 tentando destruir provas. Até o momento, sabe-se que o ex-diretor ganhou uma Land Rover de 250 mil reais do doleiro. Youssef, por sua vez, estaria envolvido na prática de crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro.
Na peça autorizando as buscas e apreensões, as autoridades apontam também que \”chama atenção ainda o envolvimento de Youssef em episódios envolvendo possíveis pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos, especificamente ex-Diretor da Petrobrás, possíveis fraudes junto ao Ministério da Sáude, e entrega de vultosas quantidades de dinheiro a agentes públicos\”.
Nota da Petrobras
\”A Petrobras recebeu hoje e cumpriu imediatamente Ordem Judicial para entregar documentação referente a uma específica contratação. A Ordem Judicial foi expedida pela Seção Judiciária do Estado do Paraná. Um delegado e três agentes da Polícia Federal foram recebidos pela Presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, em uma sala de reunião. Imediatamente, a presidente acionou a Gerência Jurídica da Companhia para tomar todas as providências com vistas ao cumprimento da Ordem Judicial.”