A intervenção de parlamentares de esquerda, terça-feira (18), no Tribunal Superior do Trabalho (TST), foi fundamental para a Corte reabrir as negociações do governo com os petroleiros em greve há mais de 20 dias. Após a reunião, o ministro Ives Gandra, relator do dissídio coletivo da categoria, que recebeu os parlamentares e representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), publicou uma convocação para nova reunião de mediação nesta sexta-feira (21).
Em seu despacho, Gandra diz que o encontro servirá “para discussão das matérias que envolvem a presente greve, condicionando sua realização à imediata cessação do movimento paredista”. O documento foi analisado e debatido pelas direções sindicais que, nesta semana, suspenderam a greve para viabilizar a negociação com o tribunal. FUP e CUT participaram da reunião intermediada pela bancada de deputados e senadores de esquerda.
A reunião é resultado de uma série de encontros que um grupo de petroleiros tem realizado em Brasília com parlamentares e representantes da Justiça do Trabalho para busca a abertura de um canal de negociação com o objetivo de resolver o conflito da greve da categoria. No encontro de terça no TST, parlamentares e sindicalistas reforçaram a importância da abertura de um canal de negociação para solucionar o impasse que resultou na greve.
“A destruição da Petrobras é destruição de um patrimônio importante do Brasil. A descoberta do pré-sal do Brasil poderia mudar o futuro do nosso País e da nossa população. Os petroleiros realizam uma mobilização importante, mas, hoje, tiveram de suspender a greve para iniciar essa negociação”, informa Jacy Afonso, presidente do PT-DF.
A adesão da categoria é quase unânime, semelhante ao movimento realizado na década de 1990, quanto os petroleiros protagonizam uma das maiores greves da história do Brasil contra a privatização da Petrobras e das jazidas de petróleo nacionais, promovida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Demissões em massa – Após a reunião com Gandra, a FUP protocolou uma petição formalizando o pedido de abertura de negociação para tratar de todos os fatos que envolvem a greve, incluindo as várias demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen). No documento, a FUP cita a decisão da desembargadora Rosalie Michaele Bacila, do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), que suspendeu, até o dia 6 de março, as demissões na fábrica.
Com a ação realizada nesta semana em Brasília, os petroleiros garantiram a suspensão das demissões na Fafen-PR e conquistaram a abertura de um processo de negociação mediado pelo TST.
“Esses fatos refletem a importância da maior greve que a categoria já realizou desde maio de 1995”, afirma a FUP, em nota do seu site.
O Conselho informa que “indicou a suspensão provisória da greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP pudesse participar, na sexta-feira (21), da negociação no TST, juntamente com representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT)”. “Caso não haja avanços na mediação do TST, a greve será retomada”, diz o diretor da FUP, Deyvid Bacelar.