A cidade do Rio de Janeiro era a capital do Vice-Reino do Brasil em 1789, quando foi denunciada a conspiração dos inconfidentes de Minas Gerais e todos eles foram presos. Em 4 de junho de 1790, para tormento dos intelectuais da época, começou o vice-reinado do Conde de Resende.
Desconfiado, aterrador, sem piedade, o Conde de Resende foi um cruel opressor do povo e implacável perseguidor de poetas e literatos – alguns foram encerrados em prisões pelo crime de se reunirem em palestras literárias e científicas.
A repressão não arrefeceu nem mesmo após Tiradentes ser enforcado e os chefes da conspiração saírem em desterro, em 1792. O clima era de desconfiança e terror em meio às perseguições e abusos do vice-rei.
Na Rua do Ouvidor, morava Perpétua Mineira, amante de Tiradentes e dona de um restaurante (na época chamava-se saleta de pasto). Alta e bem talhada de corpo, tinha negros e belos olhos, rosto branco e oval. Perpétua adquiriu celebridade por ser também amante do vice-rei, mas apaixonou-se por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes).
Após a execução de seu amado, em 21 de abril de 1792, ela saiu da cidade na mesma noite, envolta em uma mantilha preta e desapareceu. Mas houve quem dissesse que se encontrara na estrada de Minas Gerais, e junto de um poste onde foi deixado exposto um dos quartos do corpo de Tiradentes (ele foi esquartejado após ser enforcado), o cadáver de uma mulher. Era Perpétua Mineira.
(*) Professor de História da Secretaria de Educação do DF