Após a morte do seu primeiro filho, Gilberto Gil desabafou: “A gente pensa em ser enterrado pelos filhos e, às vezes, nós é que os enterramos”. A verdade é que todos temos um tempo de vida de acordo com o tríplice critério: necessidade, capacidade e merecimento. E, às vezes a necessidade é de alguns anos.
Mas, convencionou-se que morte é somente para idosos. Daí o sofrimento, a dificuldade de aceitação e o luto que pode prolongar-se indefinidamente, desde que não se vença a inconformação.
Cipriana, personagem do livro “No Mundo Maior”, de Chico Xavier, superou a perda de dois filhos conscientizando-se de que Deus é o verdadeiro pai e mãe de todos: “Deus nos deu, Deus os levou”.
Convocado a ressuscitar uma criança, Buda falou para a mãe: “Vá a todos os lares da vila e pergunte se o sofrimento já entrou ali”. A busca foi feita e a resposta foi afirmativa. Então, Buda ensinou: “Assim também como não posso ressuscitar sua filha”.
Kalil Gibran, autor de “O Profeta”, trouxe luz sobre este assunto. Vejamos: “Vossos filhos não são vossos filhos (…) Vêm através de vós, mas não de vós (…) Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas (…) Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas”.
Chico Xavier dedicou parte de sua vida a receber mensagens de filhos desencarnados. A atriz Ana Rosa transformou a dor da perda de uma filha na peça de teatro “Violetas na Janela”, extraída de livro de mesmo título. Outros autores também fizeram o mesmo, tais como “Laços Eternos”, de Zíbia Gaspareto, e “Ação e Reação”, de Chico Xavier.
Minha filha Ananda faleceu semana passada, aos 26 anos de idade. Como sei que a morte não existe, posso afirmar, como o fez Emmanuel: “Ave Cristo, os que vão viver para sempre te glorificam e saúdam!”