Você leva muito tempo diante de um computador, aprendendo em cursos virtuais as técnicas para subir na vida sem fazer força. Na telinha, um sujeito orienta o aplicado aluno a como se vestir, conversar e influenciar pessoas.
Tudo cumprindo com o objetivo de subir cada degrau que levará o discípulo a alcançar a glória que o dinheiro traz e a fama de ser um velhaco com muita grana no bolso – e, no cofre em casa, dólares, notas fiscais, CPFs de pessoas que permanecem longe da fama.
A partir daí, com os ensinamentos anotados na agenda, você vai subindo, subindo, mesmo correndo o risco de se envolver com algumas atividades que a polícia chama de delito, delinquência, tráfico – ou, pra simplificar, de crime.
Alguns chegaram a esse ponto e hoje amarguram, no mínimo, a negativa de atestados de bons antecedentes, fundamentais para continuar subindo até onde a vista alcançar.
Neste ponto, o caminho é procurar pelo guru (Mister M), tão ocupado em seus afazeres que não consegue responder a demandas tão específicas.
Mas, por algum milagre – sim, existem milagres nas redes sociais. Você recebe uma mensagem pelo zap perguntando sobre seu drama. E você responde que seguiu todos os mandamentos ordenados e, principalmente, os paradigmas expostos por ele em suas prédicas cheias de edificantes exemplos pessoais.
Para transformar a gravação em milhões de vews, impulsionadas pelo teor místico da mensagem, Mister M aparece modesto, mas soberbo em sua soberba. No letreiro colorido sobre as imagens, aparece: “Faça o que digo, e não o que faço”.