Da Redação
O grande sucesso “Quem eu quero não me quer”, gravado por Orlando Silva na primeira metade do século passado (leia a letra), está muito atual no cenário político brasiliense.
Mal correspondido – Da esquerda à direita, são muitas declarações de amor respondidas por gestos de desdém, especialmente na formação das chapas majoritárias. Em vários casos, eles remetem à nostálgica música de Raul Sampaio e Ivo Santos eternizada na voz do saudoso “cantor das multidões”.
Pandora – Candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB) se desmancha em declarações afetuosas para ter a deputada Flávia Arruda (PL) concorrendo ao Senado ao seu lado. Mas ela ainda aguarda a definição da situação do marido, o ex-governador que tenta se desvencilhar dos processos a que responde na Justiça pelo escândalo da Caixa de Pandora para se lançar a qualquer cargo eletivo em outubro.
Fiel escudeiro – Ao mesmo tempo, o chefe do Executivo faz suspense quanto a quem escolherá para a vaga de vice. Paco Britto (Avante) tenta de tudo para permanecer no cargo. Conta a seu favor a fidelidade com que atuou nesses três anos e meio. Ele provou que sabe respeitar o titular, mesmo em momentos de crise ou de ausência, como em viagens de férias.
Rifa – Mas, se for para fortalecer sua base, aliados não duvidam que Ibaneis venha a rifar Paco para ampliar seu espectro de alianças e aumentar as chances de vitória. As maiores ameaças ao vice estão no meio evangélico – os deputados Júlio César (Republicanos) e Celina Leão (PP).
Traição – O senador Reguffe (União Brasil), que finalmente confirmou ser pré-candidato ao Buriti, se esforça para ser a noiva de todos que estão contra Ibaneis. Mas, não seduz a esquerda. As federações PT-PV-PCdoB e Rede-Psol não esquecem o voto favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que consideram uma traição.
Flerte – Assim, depois de se eleger pelo PDT, migrar para o Podemos e finalmente desembarcar no UB, Reguffe precisa se ajeitar com a centro-direita e dar graças a Deus. Um flerte com o pré-candidato do PSB, Rafael Parente, que poderia tornar-se o vice na chapa, causou desconforto no Podemos e no Cidadania, que há meses sonham com um casamento com o senador.
Paixão – O PSB de Parente e de Rodrigo Rollemberg é visto com desconfiança pelos apoiadores de Reguffe, por quem nutre declarada paixão. Os socialistas já se atiraram nos braços do presidenciável Lula, mas não aceitam ser vice de Leandro Grass (PV), o candidato da federação petista no DF. Para a união prosperar, exigem a cabeça da chapa.
Amor a três – Entre desiludidos e esperançosos, os três partidos federados aguardam uma resposta de Parente. Se não para o apoio ao candidato ao governo, com direito a indicar o vice, pelo menos facilitando a vida da pretendente ao Senado, Rosilene Corrêa (PT), não lançando outro candidato ao mesmo cargo.
Solteirões – Enquanto uns sofrem para decidir com quais parceiros seguirão a caminhada, outros se conformam em permanecer solteiros. É o caso dos senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT).
Sem alianças – O tucano enfrenta um sério embate dentro da federação com o Cidadania. A deputada Paula Belmonte avoca para si o direito de comandar a parceria no DF – ela quer ser a vice de Reguffe. Já Izalci garante que quem manda na casa é ele. E, se vencer a queda-de-braço, será candidato ao GDF, contra tudo e contra todos, mesmo sem alianças.
Ancora – Solteirice convicta mesmo é a de Leila Barros. Eleita pelo PSB em 2018, passeou pelo PROS e ancorou no PDT, onde fincou a bandeira de montar o palanque de Ciro Gomes no DF. O casamento tem dado tão certo que já está cotada a ser a vice do presidenciável. Resta saber quem a substituirá na corrida ao Buriti…
Quem Eu Quero
Não Me Quer
Raul Sampaio / Ivo Santos
Quem eu quero não me quer
Quem me quer mandei embora
E por isso eu já nem sei
O que será de mim agora
Passo as noites meditando
Revivendo este castigo
No meu quarto de saudade
Solidão mora comigo
Por onde anda quem me quer
Quem não me quer onde andará
Que será das suas vidas
Da minha vida o que será
Não sou capaz de ser feliz
Nos braços de um amor qualquer
Ah se uma fosse a outra
Que eu amo tanto e não me quer