Em 24 anos de autonomia política, o Distrito Federal nunca viveu um cenário eleitoral em que três candidatos ao Palácio do Buriti tinham chances reais de vitória. A disputa sempre foi marcada pela polarização entre dois concorrentes de campos ideológicos bem distintos. Desde as primeiras eleições diretas para governador, em 1990, esta é a primeira vez em que se observa um panorama com três concorrentes praticamente empatados nas pesquisas. Diante desse horizonte de indefinição, os principais candidatos ao Palácio do Buriti vão partir para o ataque na reta final da campanha. Além de abordar os principais temas de interesse dos eleitores — como saúde, educação, segurança e mobilidade —, a ordem é apontar incoerências dos adversários para brigar pela vaga no segundo turno.
A primeira pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope após a saída de José Roberto Arruda (PR) da disputa mostrou que Rodrigo Rollemberg (PSB) passou a liderar a corrida, com 28% das preferências. Agnelo Queiroz (PT), que tenta a reeleição, registrou 21%, assim como Jofran Frejat (PR), que substituiu Arruda. As pesquisas internas dos candidatos também indicam disputa acirrada.
A menos de duas semanas das eleições, a estratégia de Frejat é focar seu tempo em atividades externas. Ele aproveitará para se mostrar à população como o substituto de Arruda. Ontem à tarde, os dois estiveram na Rodoviária do Plano Piloto para pedir voto em cada uma das baias de ônibus. Um a um, os passageiros nas filas foram abordados pelos dois. “As pessoas com quem converso nas ruas sabem quem sou e o que fiz por Brasília, especialmente como secretário de Saúde e como deputado federal por cinco mandatos, mas algumas ainda não sabem que eu sou candidato ao governo. Vamos mudar isso”, diz Frejat. Ontem, ele também gravou programa eleitoral. À noite, participou de sabatina na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e de reunião com líderes evangélicos, em Taguatinga.
Frejat e Arruda pretendem repetir a fórmula de pedir votos lado a lado. Essa é a aposta da coordenação de campanha do candidato, que ainda deve retornar à Rodoviária até o fim da semana. Entre as prioridades, Frejat quer intensificar o discurso sobre saúde e transporte público. “Brasília está com cara de um imóvel alugado em que os inquilinos não cuidaram bem do patrimônio e foram embora sem arrumar a casa. As ruas estão intransitáveis, com enormes gargalos ainda não resolvidos. Na área da saúde, não adianta construir hospitais. Precisamos de mais servidores e que trabalhem perto de suas casas”, sugere.
Rodrigo Rollemberg (PSB), que lidera as pesquisas desde a renúncia da candidatura de José Roberto Arruda, vai brigar para manter o posto de atual favorito e, principalmente, para tentar ampliar a diferença em relação aos concorrentes. Para isso, segundo coordenadores da campanha do senador, uma das principais metas é não perder tempo com ataques aos adversários políticos, diferentemente dos primeiros dias de campanha, quando era comum ver investidas contra Arruda e Agnelo. “Cada momento da campanha tem um diferencial e, nessas últimas semanas, é momento de apostar tudo”, comenta o coordenador da campanha de Rollemberg, Hélio Doyle.