Número de usuários triplica e comunidade quer incorporar terreno da residência oficial do governador à área de preservação ambiental
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Gustavo Goes
O calor e a secura trazidos pelo veranico da primeira quinzena de janeiro são um convite para o brasiliense se exercitar e pegar um bronzeado. Quem mora em Águas Claras sofre nessa estação do ano. A grande quantidade de prédios altos, com mais de 20 e até 30 andares, reduz a ventilação e, nas horas mais quentes do dia, causa sensação semelhante à de clima de deserto. A ideia perfeita é ir para o Parque de Águas Claras, o que tem causado verdadeiro “engarrafamento de pessoas” naquela área de lazer.
Segundo o Ibram, de 6 a 8 mil pessoas têm procurado as áreas de lazer durante as férias – o dobro de frequentadores em relação aos demais dias do ano. E o maior espaço público de lazer de Águas Claras começa a dar sinais de saturação. A população não dispõe de clubes ou Centros Olímpicos, como acontece em outras regiões administrativas. A realidade, para os frequentadores mais assíduos, é que o Parque Águas Claras ficou pequeno para a demanda atual.
Nas quadras de esportes, na pista de Cooper e nas duas academias ao ar livre (PECs) vê pessoas de todas as idades praticando de futebol society a passes de balé, de musculação a Muay Thai, além vôlei, futsal, patins, skate, cooper, ciclismo, treino funcional, capoeira, peteca e yoga. Em muitos casos, as atividades são acompanhadas de profissionais da área, os chamados personal trainers.
O grande número de frequentadores aliado à falta de estrutura causa transtornos. Cachorro, bicicleta, criança, adulto, idoso, patins e skate são obrigados a dividir o mesmo espaço na pista de cooper. A área de 861.000m² tem apenas duas baterias de banheiros, três duchas e três bebedouros. Dois quiosques instalados nas proximidades da Administração do Parque vendem lanches, sucos, refrigerantes e água de coco.
A moradora de Águas Claras, Sueleneine Jochims, que diariamente leva o filho de dois anos ao parque, reclama da falta de organização do lugar. “É perigoso essa grande quantidade de pessoas transitando no mesmo espaço. Bicicletas e cachorros não deveriam ocupar o mesmo espaço de quem só quer passear. Tem que ter organização”, pondera.
O espaço reservado à musculação também é alvo de reclamações. O pequeno número de aparelhos disponíveis é um problema, já que o número de praticantes é muito grande. “Essa área de musculação deveria ser ampliada, porque é a melhor aqui de Brasília. Eu saio de Taguatinga para malhar aqui, porque no Taguaparque não tem a mesma qualidade”, disse Francisco José, que pelo menos três vezes por semana vai ao Parque de Águas Claras.
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A reclamação mais comum, entretanto, é a falta de estacionamentos. A reivindicação é antiga, e jamais foi atendida. É comum ver carros estacionados nas áreas verdes, o que levou a Administração a restringir o número de veículos. Quando os três estacionamentos internos, com capacidade para cerca de 40 carros, cada, estão lotados, os frequentadores são orientados a deixar o carro do lado de fora dos portões de acesso e seguir a pé. Isto tem gerado muitas reclamações, especialmente de pessoas acompanhadas de crianças.
Solução
Há mais de quatro anos, a Associação de Moradores de Águas Claras aponta como solução para a falta de espaço no Parque a incorporação de parte do terreno da Residência Oficial de Águas Claras, moradia dos governadores do DF, à área do Parque. Arborizado, o espaço serviria para os praticantes de skate, ciclismo e patins, além de receber os proprietários de cachorros e seus bichos de estimação. No local poderiam ser abertas, ainda, novas vagas de estacionamento. Vários políticos já se manifestaram a favor dessa medida, entre eles o senador eleito, José Antônio Reguffe (PDT), que, a partir de fevereiro, pretende tratar do assunto com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) esclareceu que é normal e previsto o aumento de visitantes nos parques ecológicos e urbanos no período de férias, por ser um local de lazer em contato com a natureza. Não existe previsão de mudança no tamanho da área do Parque Ecológico de Águas Claras. Entretanto, o parque está recebendo serviços de manutenção e reforma em sua estrutura, além de obras de drenagem nas nascentes. O Ibram informa ainda que está trabalhando para realizar consultas com os usuários dos parques urbanos com o objetivo de relacionar, de forma participativa, as reais necessidades de cada unidade para futuras melhorias.