O Salto do Tororó é um dos locais mais conhecidos pelos brasilienses que buscam contato com a natureza — além de um bom banho de cachoeira. Também frequentada por praticantes de ecoturismo e de rapel, a atração agora faz parte do Parque Distrital Salto do Tororó, o primeiro de proteção integral em todo o Distrito Federal. De acordo com o Decreto nº 36.472, de 30 de abril de 2015, que o criou, os 61,358 hectares (ou 61 campos de futebol) do parque ficarão em uma área com perímetro de 9,4 quilômetros (distância da Rodoviária do Plano Piloto ao balão da Granja do Torto), entre as Rodovias DF-001 e DF-140, em uma região de condomínios.
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Com a criação oficial, a unidade de conservação em torno do Salto do Tororó — também a primeira da região administrativa de Santa Maria — passará por um amplo e preciso diagnóstico de flora, fauna, solo, recursos hídricos e outras características relevantes, inclusive os aspectos socioeconômicos e de uso pela população. O mapeamento é a primeira etapa do plano de manejo do parque, cuja elaboração deverá ser concluída em até dois anos.
A partir desse levantamento, a área será dividida em zonas com diretrizes específicas de funcionamento e diferentes graus de acesso. Enquanto algumas partes serão protegidas integralmente, para a preservação dos recursos naturais, outras terão o acesso liberado à população. Nessas, o plano de manejo definirá as atividades que poderão ser desenvolvidas, as regras, a capacidade de visitantes simultâneos e os equipamentos básicos que poderão ser estruturados no local (estacionamento, quiosques, sanitários etc).
\”Aquela é uma das áreas mais conhecidas e visitadas de Brasília, e o texto do decreto de criação do parque contempla as atividades praticadas pela comunidade\”, explica Ana Lira, engenheira florestal e gerente de Planejamento de Unidades de Conservação de Proteção Integral, do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A presidente do Ibram, Jane Vilas Bôas, garante que a cachoeira permanecerá aberta à comunidade.
Representação popular
Jane explica que o instituto tem mobilizado parceiros para debater formas de gerar arrecadação com os parques: \”Poderemos ter concessões, locação cenográfica, quiosques, tudo o que seja compatível com a atividade econômica dentro de um parque\”. Segundo a presidente do Ibram, a ideia é não cobrar pelo acesso dos visitantes, mas por serviços como estacionamento e aluguel de bicicletas.
Além de cuidar das demarcações e da elaboração dos planos de manejo dos parques, a política do governo para a área tem um terceiro ponto fundamental, ressalta Jane: a participação social. \”Vamos criar conselhos comunitários para todos os parques, que serão geridos em parceria com a comunidade que utilizá-los\”. Segundo o modelo em estudo, a representação popular também estará presente no processo decisório da destinação dos recursos de compensação ambiental e florestal, que somaram R$ 32 milhões, em 2014.
Compensação ambiental
A criação do Parque Distrital Salto do Tororó é resultado de parte da compensação ambiental de um condomínio da região, ou seja, é uma forma de pagamento pelos danos causados pela implantação do empreendimento. Toda a área da futura unidade de conservação foi doada pelo condomínio ao Ibram, gestor do parque. Além disso, a construtora do conjunto habitacional também vai custear o plano de manejo.
Para garantir a proteção da natureza dentro da unidade de conservação, sobretudo a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos, o texto de criação do espaço prevê cinco zonas de amortecimento ao redor do parque. Juntas, elas têm 2.883,62 hectares e, caso a caso, devem seguir cuidados adicionais para alterações no fracionamento do solo ou na obtenção de licenças ambientais, por exemplo.
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