A nota do Departamento de Estado dos Estados Unidos na qual recomenda que turistas daquele país sejam cautelosos em visitas a quatro cidades do Distrito Federal causou indignação, pois não agrada a nenhum de nós ver o nome de nossa cidade mencionada nesse tipo de situação. Mas a declaração do organismo estrangeiro não é de todo infundada, há anos os relatórios do Mapa da Violência elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) aponta que temos no DF localidades com níveis de violência com padrão europeu ao mesmo tempo que outras se comparam aos índices dos locais mais violentos do mundo. Isso evidencia falha na política de segurança pública.
O GDF se apressou em divulgar nota em que afirma \”em qualquer cidade no mundo ocorrem crimes, mas tudo dentro da normalidade\”. Mas não há consenso sobre a “normalidade” alegada pela equipe do governador Rodrigo Rollemberg. Neste início de ano estamos sendo confrontados com uma série de situações e notícias que demonstram que o serviço público da capital da República está funcionando mal em função de uma gestão desastrosa. Na segunda-feira, por exemplo o noticiário de TV mostrou que agências do Na Hora tiveram reduzidos pela metade os atendimentos por falta de pessoal e até de telefone.
Nesse mesmo dia foi mostrado que o GDF deixou de usar R$ 44 milhões do Fundo Penitenciário Nacional, que permitiria a criação de 800 vagas no sistema prisional do DF. Até quando as notícias são supostamente positivas há ressalvas a fazer, como no caso do aumento do investimento no Metrô: o gasto passou de R$ 4 milhões para R$ 22 milhões, mas continua faltando pessoal e, não raro, deixa-se de cobrar passagem por falta de quem venda o cartão de acesso.
Na área da Educação, a notícia foi que os consertos necessários para que as escolas retornem às aulas em condições adequadas foram comprometidos porque o governo deixou de repassar os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF). Com atraso, esta semana só entregou metade do dinheiro.
Na Saúde a situação não melhora. No dia 5, o Observatório da Saúde do Distrito Federal estampou em sua página eletrônica a chamada “DF: Mais cenas de uma desgraça anunciada…”, na qual fazia referência à dificuldade para conseguir consultas, procedimentos e exames na rede hospitalar pública e ao aumento na judicialização nesse segmento do serviço público. A ONG destacava o drama da fila para tratamento de câncer, com mais de 700 pessoas aguardando mais de um ano pela primeira consulta.
Não ficou por aí. No dia 10 a TV anunciava que ainda faltam 40 medicamentos nas farmácias públicas – desde remédios para controle de pressão até alguns que compõem o coquetel para tratamento da AIDS. Um dia depois, foi noticiado que 8 mil pacientes estão na fila para cirurgias ortopédicas.
Em que pese nosso desagrado com o Departamento de Estado dos EUA, o que causa nossa indignação é a incompetência e o descaso da atual gestão na prestação de serviços à população residente no DF. Nossos governantes fecham os olhos e dão o nome de “normalidade” ao caos do dia a dia.