O papa Francisco visitou nesta sexta-feira (29/07) o antigo campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, onde 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus, foram assassinadas durante a Segunda Guerra Mundial. Ao passar pelo histórico portão de ferro com a inscrição Arbeit macht frei (o trabalho liberta), o pontífice baixou a cabeça. Depois, ele se sentou e orou em silêncio por cerca de 15 minutos, antes de se encontrar com dez sobreviventes do Holocausto.
Francisco parou diante de cada um dos sobreviventes, apertou suas mãos e se curvou para beijar os mais velhos no rosto. Ele acendeu, então, uma vela diante do chamado muro da morte, onde o pelotão de fuzilamento nazista executou milhares de prisioneiros.
\”Isso é uma grande coisa para mim\”, disse o sobrevivente Alojzy Fros, de 100 anos, sobre o encontro com o papa, que vem tentando reforçar os laços entre católicos e judeus desde que foi eleito, em 2013. O pontífice visitou a cela do padre e santo polonês Maximiliam Kolbe, que sacrificou a própria vida para salvar a de outro homem em Auschwitz. Na cela, pouco iluminada, Francisco se ajoelhou por muitos minutos, rezando em silêncio.
No livro de visitas do memorial Auschwitz-Birkenau, o Papa escreveu em espanhol: \”Senhor, tenha piedade de seu povo. Senhor, perdão para tanta crueldade.\”
Caminho da morte – No papamóvel, Francisco percorreu o caminho ao lado dos trilhos instalados em 1944 para permitir que trens transportassem prisioneiros diretamente para as câmaras de gás e o crematório. O papa leu as placas com os nomes de vítimas que morreram no campo, e o rabino-chefe da Polônia, Michael Schudrich, orou em hebreu. O salmo foi, então, lido em polonês por um padre.
Além de sobreviventes, o papa cumprimentou cristãos poloneses que arriscaram suas vidas durante a guerra para ajudar a esconder e proteger judeus. Muitos beijaram a mão do pontífice ao receberem dele um crucifixo de presente.
O Holocausto é um tema extremamente delicado na Polônia, onde moradores foram acusados de matar ou entregar judeus aos nazistas, comandados por Adolf Hitler. Mais de 100 mil poloneses não judeus, membros da etnia roma, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais e opositores do nazismo também foram mortos em Auschwitz-Birkenau. O campo foi libertado pelo Exército Vermelho, da então União Soviética, em 1945.
O papa chegou à Polônia na quarta-feira (27), por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, e encerrará a visita ao país neste domingo. Os dois antecessores de Francisco também visitaram Auschwitz-Birkenau: João Paulo 2º, em 1979, e Bento 16, em 2006.