O Outubro Rosa é uma campanha mundial criada com o objetivo de conscientizar a população da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Hoje existe uma maior preocupação dos Estados sobre isso.
O Ministério da Saúde recomenda fazer a mamografia anualmente a partir dos 50 anos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia aconselha a partir dos 40 anos.
A mamografia é um exame de rastreamento, cujo objetivo é fazer diagnósticos iniciais e, assim, conseguir uma taxa de cura alta e, muitas vezes, evita tratamentos agressivos, como a quimioterapia.
Quando se diagnostica um câncer de mama precoce, uma cirurgia, muitas vezes, é suficiente para curá-lo. Outras vezes, uma cirurgia com uma hormonioterapia já resolve.
Hoje, infelizmente, o sistema público disponibiliza os mamógrafos, mas não atinge a população-alvo. Há estudos da Sociedade Brasileira de Mastologia mostrando que é muito baixo a realização de mamografia pelo sistema público. É disponível, mas é pouco solicitado.
Uma vez solicitado, o agendamento é atrasado. Os mamógrafos, em geral, não funcionam. “No DF, por exemplo, grande parte das máquinas não está funcionando”, afirma Daniel Marques.
“Se a gente for ver a população-alvo para fazer a mamografia não chega nem a 20% do que é necessário ser feito. É muito baixo. Infelizmente, o sistema público não oferece esse exame de rastreio para todas as mulheres. Mas é importante que a partir dos 40 anos todas as mulheres façam mamografia anual”.
O médico informa que outra forma de detectar precocemente é o autoexame. O problema é que quando a pessoa consegue sentir o nódulo apalpando a mama o câncer já está avançado. O nódulo palpável é uma doença localmente avançada. O ideal é diagnosticar antes disso.
DADOS 2018-2019 – O Rio de Janeiro é o estado com maior taxa estimada de incidência de câncer de mama (68,78%) e a unidade da federação com maior mortalidade (18,8%), segundo estimativas elaboradas pelo INCA para o biênio 2018-2019. Os números preocupantes no Rio são resultado de fatores como o envelhecimento da população, a inatividade física e a obesidade. As informações foram discutidas no início do mês durante a cerimônia em celebração ao Outubro Rosa, no Instituto.
É preciso fazer exame o ano inteiro
Das mulheres com indicação etária para exames de mamografia (50 a 69 anos) a cada dois anos, 60% fizeram o procedimento em 2013, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde. Destas, a maior parte está no Sudeste (67,9%) e a menor, no Norte (38,7%).
Se esses números forem observados pela ótica da escolaridade, uma nova discrepância é constatada: mulheres com curso superior completo – portanto, em tese, com mais acesso à informação – representam 81% das que fizeram mamografia contra 51% das que não têm instrução ou possuem o ensino fundamental incompleto.
Os dados são do Inca e indicam que, mais uma vez, o Norte do País apresenta a maior distorção – menos de 30% com baixo nível de escolaridade se submeteram à mamografia. “A gente não vai avançar se dermos atenção por igual a situações desiguais”, analisou Liz Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA.
Ela fez a apresentação “A Situação do Câncer de Mama no Brasil”. “É preciso, sim, dar uma atenção diferenciada para a Região Norte”. Ela disse que a situação do Rio de Janeiro também chama atenção.
O Brasil figurava, em 2018, na segunda faixa mais alta de incidência de câncer de mama entre todos os países, com uma taxa de 62,9 casos por 100 mil mulheres (taxa padrão utilizada mundialmente). Os países são agrupados em cinco faixas.
Quanto à taxa de mortalidade de câncer de mama, o Brasil está situado na segunda faixa mais baixa, com uma taxa de 13 por 100 mil, ao lado de países desenvolvidos como EUA, Canadá e Austrália, e melhor do que alguns deles, como a França e o Reino Unido.