Protesto contra o que seria a venda do Poder Legislativo. Foto: Pedro França/Agência Senado
Ninguém mais duvida, após um ano e meio do golpe que usurpou o poder de uma presidente eleita, a quem interessou o esbulho da vontade popular. Claro que foram, principalmente, os capitais financeiros, as empresas estrangeiras, a geopolítica dos Estados Unidos. Estes são useiros e vezeiros em golpes no Brasil e no mundo.
Aqui, o golpe se deu pela bandidagem. Um Primeiro Comando da Capital (PCC) que não se limita a São Paulo do PSDB. Que ganhou foro nacional. Que controla os Poderes da República. E, para isso, haja enrolação, criem-se jurisprudências, inventem-se doutrinas e rasguem-se leis e os princípios. E viva o óleo de peroba!
Ao julgar Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, o Supremo doutrinou pelo princípio republicano: ninguém está acima nem abaixo da lei. Recolha-se o meliante. No caso do senador Delcídio do Amaral, criou-se a confusão do flagrante, mas ao fim foi preso.
Agora, chega-se a um capo. O presidente do principal partido do golpe, o que tem as chaves das prisões paulistas, onde trafega o PCC. E, ora ironia, a república do golpe deixa de ser republicana para ser … democrática. O importante é manter a escolha do povo!
Tamanho despautério já não revolta os ardorosos éticos das panelas, os imaculados cidadãos da lei e da ordem. Trata-se de cumprir a sina dos subjugados aos verdadeiros donos do Brasil. E todos sabem, pelas palavras do capo, que quem sai da linha, seja primo ou amigo, leva chumbo. Vamos rever a trilogia do Poderoso Chefão, que proponho entre para o currículo das escolas sem partido. Um ensinamento indispensável para o Brasil dos Temer, Serras e Bolsonaros.
Enquanto isso, corem de vergonha os herdeiros do trono: uma portaria ministerial revoga a Lei Áurea. Uma reivindicação dos derrotados de 1930. E assim caminha a civilização do retrocesso. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa).
(*) Valter Xéu . Editor e diretor dos portais Pátria Latina e Irã News