Nem tudo que reluz é ouro. No caso da família Bolsonaro, podem ser joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, trazidas ilegalmente para o Brasil. Os supostos presentes da Arábia Saudita ao ex-presidente e sua esposa Michelle estão cercados de mistério e informações desencontradas.
O jornal O Estado de S.Paulo publicou, em 3 de março, que a Receita Federal apreendeu um par de brincos, um anel, um colar e um relógio com diamantes no aeroporto de Guarulhos. As peças estavam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque, quando uma comitiva do governo Bolsonaro retornava ao Brasil em outubro de 2021.
Corrida do ouro
Aí começou uma nova corrida do ouro. Melhor dizendo, dos diamantes. Albuquerque tentou a liberação ainda no local, alegando se tratar de um presente para a então primeira-dama. Seguindo a lei, os fiscais da Receita mantiveram os objetos retidos. E informaram sobre a necessidade de pagamento do imposto de importação ou de declarar os bens na condição de patrimônio do Estado. Para reaver as joias, Bolsonaro desembolsaria cerca de R$ 12 milhões.
Em outra tentativa frustrada, uma força-tarefa que envolveu os ministérios da Economia, Minas e Energia, Relações Exteriores e até o comando da Receita pressionou pela liberação por vias oficiais. A última cartada ocorreu em dezembro de 2022, ocasião em que o próprio Jair Bolsonaro, já derrotado nas urnas, teria enviado um ofício e um funcionário do Planalto para recuperar as joias.
“Fugitivo”
Os Bolsonaro sempre negaram qualquer envolvimento, mesmo diante de provas contundentes de crime de descaminho, conforme definiu o ministro da Justiça, Flávio Dino. Michelle afirmou que não sabia do suposto presente e fez piada nas redes sociais: “rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória”.
Jair, “fugitivo” nos Estados Unidos por medo de ser preso no Brasil, falou à CNN Brasil que era “acusado de um presente” que não pediu, nem recebeu. Rechaçou, inclusive, ter conhecimento dos adornos bloqueados na Receita Federal.
Onde há fumaça…
Na quarta-feira (8), diante da revelação de um segundo lote com joias, Bolsonaro confirmou que um relógio, uma caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário islâmico, todos da marca suíça Chopard, passaram a integrar o acervo pessoal dele. Documentos do Palácio da Alvorada obtidos pela TV Globo não deixam dúvidas de que os itens que entraram ilegalmente no país foram entregues em mãos ao ex-chefe do Executivo.
Ofício encaminhado à Polícia Federal pelo ministro Flávio Dino pede que o caso seja investigado. Segundo ele, “da forma como se apresentam”, os fatos divulgados pela imprensa “podem configurar crimes contra a administração pública”.
Caberá às autoridades competentes apontar que nem tudo que reluz é ouro. Mas, onde há fumaça, há fogo!