O bilionário sul-africano Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), reiterou seu desprezo pelo Brasil e pelas leis que regem o País ao voltar a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, além de reacender a discussão sobre a legitimidade da vitória do presidente Lula na eleição de 2022.
A rusga começou no fim de semana, quando Musk fez uma série de postagens atacando Moraes. Inicialmente, ele questionou o motivo de “tanta censura no Brasil” e publicou, no domingo (7), em seu perfil na rede social, que estaria “levantando restrições” de sua plataforma, impostas por decisões judiciais. Também defendeu que o magistrado deveria renunciar ou sofrer impeachment.
Horas depois, reabilitou com direito a selo dourado (indicando que a conta é oficial de empresa, por meio das organizações verificadas do X), o perfil de Allan do Santos, militante de extrema direita envolvido no processo das milícias digitais (que Moraes é relator), foragido da polícia e incluído na lista de procurados da Interpol.
Após essas manifestações de Musk, Alexandre de Moraes exarou uma decisão incluindo o bilionário como investigado no inquérito que apura as milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento. Para o ministro, a medida se justifica pela “dolosa instrumentalização criminosa” da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.
Moraes ainda determinou que o X deve se abster de desobedecer qualquer ordem judicial já proferida pelo STF ou pelo TSE, e também de realizar qualquer reativação de perfil cujo bloqueio foi determinado pelo STF, sob pena de multa diária de R$ 100 mil por perfil.
Certamente por ter acompanhado a repercussão das suas falas anteriores entre os opositores ao governo, em especial os bolsonaristas, em uma das publicações o bilionário chamou Moraes de “ditador brutal”, e o acusou de interferir na última eleição presidencial. Disse que o ministro tem o presidente Lula “na coleira”.
Musk ainda ameaçou fechar o escritório da rede social no Brasil. Em busca de palco, desafiou o Supremo, descumprindo no X as decisões da Justiça brasileira. Durante as eleições de 2022, posicionou-se claramente a favor da candidatura de Jair Bolsonaro.
Apesar de reiterar em suas postagens que sua desobediência é “em defesa da democracia e da liberdade de expressão”, na realidade Musk não é, nem nunca foi, um democrata. Tanto, que apoiou abertamente o golpe de estado contra o presidente boliviano Evo Morales, por ter interesse em explorar o lítio boliviano, matéria-prima para as baterias de seus automóveis Tesla fabricados na China.
Musk não defende a liberdade de expressão. Se essa bandeira fosse do seu agrado, ele teria desafiado a China de Xi Jinping, algo que ele nunca fez. Porém, ele gosta de holofotes, e diante do cenário político tumultuado no Brasil, resolveu declarar publicamente seu desapreço ao estado democrático de direito, onde ordem judicial não se discute, se cumpre.