Distritais de oposição criticaram a aprovação na Câmara Legislativa, na terça (19), do projeto de lei que autoriza o BRB a comprar o Banco Master, em uma transação que pode chegar a R$ 2 bilhões. Houve dois turnos de votação e, no segundo, o placar foi de 14 a 7.
“Está todo mundo dizendo que o BRB está sendo utilizado como bode expiatório para salvar um banco cheio de ativos podres, um banco de capital fictício. Se tudo der errado, quem vai pagar a conta é a população do Distrito Federal”, criticou Fábio Felix (Psol).
Max Maciel (Psol) foi na mesma linha. “É um banco tão bom que apenas o BRB está com interesse de comprar esses ativos, enquanto os outros bancos sequer querem fazer parte do processo”, ironizou.
Outra parlamentar a se colocar contrária ao negócio foi Dayse Amarilio (PSB). “Enquanto pessoas estão morrendo nos hospitais, estamos discutindo a compra de um banco que tem fama de caloteiro no sistema financeiro e que a gente não sabe exatamente se vai ser bom ou não para o Distrito Federal”, avaliou.
Para Gabriel Magno (PT), a compra do Master não é tão vantajosa do ponto de vista financeiro. “A perspectiva é de que o BRB receba, nos próximos cinco anos, R$ 600 milhões de dividendos. Nós estamos usando R$ 2 bilhões do orçamento público para entrar em um negócio cheio de dúvidas e de problemas para receber R$ 120 milhões ao ano, na expectativa mais otimista”, disse.
Já Paula Belmonte (Cidadania), que se diz independente, afirmou que “se a compra não der certo, quem vai pagar são os aposentados e os servidores, porque o Iprev [Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal] tem 16% das ações do BRB”.
Expansão da marca
À imprensa, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, defendeu o que chamou de expansão da marca. “Com a revisão do plano de negócios e da atuação, existe uma expectativa de crescimento do resultado de dividendos, que será revertido em políticas públicas. Outro benefício é que o BRB passa a ter mais produtos, a atuar em outros segmentos, que ficam à disposição das pessoas que moram no DF. Além disso, o fortalecimento do BRB vai naturalmente gerar emprego e renda”, detalhou.
Costa reforçou ainda que, embora seja um banco público, o recurso da operação é oriundo dos negócios do BRB, e que o fluxo de caixa do Distrito Federal não se confunde com o fluxo de caixa da instituição financeira.
A proposta que pedia o aval da CLDF foi enviada pelo governador Ibaneis Rocha na última quinta-feira (14). O texto prevê que o BRB adquira 49% das ações ordinárias, 100% das ações preferenciais do capital social da instituição e 58% do capital total do Banco Master. Após emendas do PT, a versão aprovada retirou trechos que previam autorizações mais amplas para o BRB participar de outras instituições financeiras, no Brasil e no exterior.
O Banco Central ainda precisa autorizar a transferência das ações. Já o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu o aval em junho.