A operação do governo de Brasília para preservar os mananciais que abastecem a Barragem do Descoberto envolveu, nesta quinta-feira (26), o aterramento de seis tanques de captação irregular de água à margem do Ribeirão Rodeador. No primeiro dia, quarta-feira, foram desocupados 20 mil metros quadrados.
O trabalho se concentra atualmente na retirada de parcelamentos urbanos ilegais na região próxima ao Incra 6, em Brazlândia, no entorno do reservatório. A ação prosseguirá por três meses e tem foco no fracionamento irregular de áreas rurais. Um dos mais castigados, o Rodeador tem construções a 15 metros do seu canal.
De acordo com a superintendente de Operações da Agência de Fiscalização (Agefis), Ana Cláudia Borges, o poder público sabe exatamente o que é rural e o que não é. “Além de análise de imagens de satélite e vistorias in loco, temos o apoio dos órgãos do governo”, explica. Ela cita, como exemplo, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF).
Segundo a superintendente, o local é alvo de interesses e pressões por loteamento irregular. “São grandes extensões de área com água em abundância, natureza praticamente virgem e relativamente próximas ao meio urbano”, destaca. Ana Cláudia lembra que, desde o fim de 2014, a agência já fiscaliza a região.
De acordo com especialistas do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), um dos grandes problemas do parcelamento, além da captação ilegal de água, é a compactação do solo. Isso ocorre da seguinte maneira: para criar estradas e nivelar as construções, a vegetação é retirada e o chão sofre o processo de impermeabilização.
Assim, quando chove, as águas descem diretamente para o canal, não conseguindo também penetrar na superfície até atingir o lençol freático. Para piorar, o escoamento da chuva, no caso de Brazlândia, rumo ao Canal do Rodeador, leva sedimentos, como cascalho e areia.
Esse material tende a se acumular no fundo do rio, diminuindo sua profundidade e provocando o que se chama de assoreamento. Conforme explicam os técnicos do instituto, todas essas questões agravam a crise hídrica e complicam o abastecimento em todo o Distrito Federal.
A operação, segundo o Ibram, ocorre em local com vegetação de Cerrado típico: com presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas. O espaço abrangido na ação fica dentro da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Descoberto.
Durante a ação de hoje, foi demolido um barraco de madeirite e telha a pouco mais de 10 metros do Canal do Rodeador. Também foram retiradas cercas com estacas de concreto e arame farpado.
Em outro caso, a Agefis adiou a derrubada, mas emitiu um termo demolitório – com prazo de 15 dias para desocupação da área— para um homem com problemas de saúde.
Participaram também da operação desta quinta a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros; a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb); a Companhia Energética de Brasília (CEB); a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos; a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap); e a Subchefia de Ordem Pública e Social, da Casa Militar.
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