Desde o início de suas gestões, Ronaldo Caiado (DEM) e Ibaneis Rocha (MDB) competem pelo protagonismo na política regional. É como ocorria na disputa Arena x MDB dos tempos da ditadura militar. O mais recente episódio ocorreu na implantação de ônibus articulados (BRT) movidos a eletricidade. Goiânia deu um salto de qualidade, deixando Brasília para trás.
O confronto entre os dois governadores começou logo no início de seus respectivos mandatos. Ibaneis foi inspecionar a possibilidade de instalar o trem metropolitano para Luziânia. Caiado ligou aborrecido para o governador do DF e, segundo o portal Metrópoles, foi possível ouvir impropérios de lado a lado.
Depois do episódio, representantes da bancada goiana no Congresso apresentaram projeto de lei que abocanharia para Goiás parte do Fundo Constitucional do DF. Caiado ainda decidiu revitalizar o aeroporto Santa Genoveva, tornando Goiânia uma alternativa de transporte de cargas e portão internacional, em concorrência ao aeroporto JK.
Dia 21, ao mesmo tempo em que o brasiliense tomava ciência de mais uma crise na Saúde, com a renúncia do presidente do IGES-DF, general Gislei Morais, Caiado autorizava R$ 87,2 milhões para a conclusão das obras do Hospital de Águas Lindas, com 163 leitos, ambulatório com 22 consultórios e centro cirúrgico com oito salas.
Atropelamento
A mais nova iniciativa que coloca Goiás à frente do DF foi o anúncio da introdução de ônibus articulado 100% elétrico, que substituirá a frota que circula no Eixo Anhanguera, uma espécie de BRT. Ao contrário dos antigos trolley-bus, os novos veículos não são energizados por redes elétricas aéreas e sim por baterias de fosfato ferro lítio. Uma carga completa permite viajar 250 Km.
Os veículos foram desenvolvidos pela brasileira Marcopolo e a chinesa Build Your Dreams (BYD), com fábrica em Campinas (SP). Têm 22m de extensão, piso rebaixado, capacidade para 170 passageiros, espaços para cadeirantes, ar-condicionado ionizado, carregadores de celular e Wi-Fi interno. E como nasceram na era da covid-19, já vêm com dispositivos de biossegurança, que reduzem o risco de contaminação pelo coronavírus.
O modelo não esqueceu os rodoviários. Possuem seis câmeras de alta definição (duas com infravermelho, em substituição aos retrovisores externo e interno). Elas permitem que o motorista veja pontos cegos e tenha facilidade de manobra, aumentando a segurança e garantindo mais conforto na viagem.
Únicos seis
Em Brasília, segundo a Secretaria de Mobilidade, existem seis ônibus elétricos na linha Rodoviária-Esplanada. A frota conta ainda com nove veículos movidos a biodiesel. Nenhum deles é articulado. A Semob informa que na futura licitação das linhas de ônibus no DF haverá a previsão de ônibus elétricos, mas não se sabe ainda quando, nem quantos veículos irão operar e se serão articulados ou não.
Há dez anos, o GDF promete o uso de ônibus elétricos. Em 2012, Agnelo Queiroz (PT) chegou a ir a Xangai e anunciou acertar a introdução, naquele ano mesmo, dos ônibus elétrico. Até “a criação de uma fábrica desses carros no DF, se constituindo em uma plataforma para o Brasil”, foi anunciada por Agnelo, detalhando que esses ônibus seriam utilizados na Copa do Mundo de 2014. Nada se materializou.