Fica a dúvida, provocada pelo anúncio da morte de Washington Olivetto: a propaganda deixou de ser alegre, criativa, bonita, emocionante e, além de tudo, participativa no dia a dia das pessoas – ou essa decadência aconteceu quando os anunciantes, de mal humor, exigiram comerciais que fizessem mais e mais poeira nas manobras ousadas das cabines duplas. (O máximo de criatividade, no caso, via-se quando o empoeirado veículo brilhava ao sol no limpo asfalto das cidades).
Só pra rememorar: o primeiro comercial do garoto Bombril abre com uma bancada, tendo ao fundo a marca destacada do produto. Só então o rapaz entra, e diz que tinham mandado ele falar as vantagens da palha de aço, coisa que todo mundo sabia (mil e uma utilidades, por exemplo) – e que, portanto, ele não iria falar disso (embora tenha falado).
Ao encerrar o comercial de 30 segundos, feito num só plano sequência, pede que a madame compre o produto, pra não colocarem a culpa em seu desempenho na propaganda – e, mais importante, pra ele não perder essa boquinha.
Tá certo! Carlos Moreno é um ótimo ator, a produtora uma das melhores do Brasil e Olivetto ainda contava com a parceria de Francisco Petit, diretor de arte e o P da DPZ, agência na qual trabalhava.
Mas os tantos prêmios internacionais querem dizer alguma coisa no currículo de qualquer publicitário.
Pra mim, não há dúvidas: faltam talentos no mundo virtual lotado de bobagens. E os clientes ficaram mal-humorados por conta de CEOs que morrem de medo de perder o emprego, e daí não arriscam nas novidades.
A junção desses dois desastres levou ao que (não) estamos vendo nos intervalos comerciais. É só conferir.