O empresário Marcelo Odebrecht assinou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e já começou a prestar depoimentos aos investigadores da Operação Lava-Jato desde a semana passada. A informação é do jornal “Valor Econômico”. O GLOBO confirmou com fontes próximas às investigações que as partes assinaram um termo de confidencialidade sobre as negociações.
Além de Marcelo, outros executivos da Odebrecht fariam delação. O pai de Marcelo, Emilio Odebrecht, também prestará depoimentos, de acordo com fontes ouvidas pelo “Valor”.
A primeira proposta de delação premiada apresentada pela construtora Odebrecht, na primeira quinzena de maio, foi rejeitada pelos investigadores da Operação Lava-jato. Os advogados do maior empreiteiro do país apresentaram uma versão dos fatos que limitava as contabilidades do “Setor de Operações Estruturadas” à apenas uma estrutura de caixa dois da empresa.
Para a Lava-Jato, já não tem mais dúvida que os pagamentos feitos pela setor não eram apenas isso e sim uma diretoria constituída para pagar propinas a agentes público e políticos com o objetivo de obter vantagens em contratos públicos. Os termos apresentados também traziam poucos detalhes sobre como ocorriam as conversas com políticos.
Na semana passada, ocorreu uma reunião onde teria sido assinado um termo de confidencialidade entre os advogados da empreiteira e membros da Lava-Jato e onde foi apresentada uma nova versão dos termos, que teria agradado mais os investigadores.
Todos os partidos investigados no esquema de corrupção da Petrobras — PT, PMDB, PSDB e PP — podem ser implicados na delação da Odebrecht. Na 26ª fase da Lava-Jato, deflagrada em março, os investigadores da Polícia Federal apreenderam uma planilha com listas de doações feitas pelo Grupo Odebrecht a mais de 300 políticos do país, de mais de dez partidos. O material era de posse de Benedicto Barbosa Silva Júnior, conhecido como “BJ”, presidente da Odebrecht Infraestrutura e um dos principais interlocutores do empresário Marcelo Odebrecht na alocação de recursos a campanhas políticas.
O juiz Sergio Moro, depois, decretou sigilo sobre o processo ao qual as planilhas foram anexadas.