O número de plantas comestíveis no mundo pode alcançar até 75.000 espécies. Só no Brasil são encontradas cerca de 10.000 dessas plantas. Ainda assim, 90% da alimentação mundial está fundamentada em apenas 20 tipos dessas hortaliças.
No Brasil sofremos pela instituição de um sistema agroalimentar sustentado por um padrão de produção e consumo limitado pela monocultura, o que gera menor disponibilidade de opções alimentares, maior dependência do consumidor na compra de alimentos, mais controle empresarial e perda da riqueza cultural/natural.
Desta forma, faz-se necessário a adoção de um sistema alimentar mais democrático, fomentando a soberania alimentar e a sazonalidade, investindo em valores familiares e culturais, que assegure a segurança nutricional promovendo equidade e o livre comércio, além de diminuir o impacto ambiental enquanto valoriza-se a biodiversidade.
Nesse debate, é imprescindível citar as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). São espécies nativas e regionais, silvestres
ou cultivadas, que influenciam a cultura alimentar das comunidades locais, mas sem valor comercial agregado.
Algumas dessas hortaliças negligenciadas desempenham um papel cultural importante, compondo pratos típicos e regionais. Elas ainda aumentam a oferta do consumo de água, são ricas em fibras, e contêm minerais e vitaminas que auxiliam na saúde.
Não é possível contabilizar o número de PANCs, uma vez que muitas delas ainda não são conhecidas ou sofrem de preconceitos culturais. Então, do ponto de vista nutricional, cultural e econômico, encontra-se nas PANCs uma inegociável ferramenta para a preservação da biodiversidade e da garantia de uma alimentação sustentável e saudável.
(*) Texto do estudante de Nutrição da Universidade Católica, Asafe Cristino da Silva, supervisionado pela professora Caroline Romeiro