J. B. Pontes (*)
As pesquisas eleitorais realizadas por conceituadas instituições, que apontam uma larga vantagem do pré-candidato Lula na corrida para presidente da República, estão levando Bolsonaro e seus apoiadores ao desespero.
Todos os recursos públicos usados de forma escusa – orçamento secreto, emendas parlamentares infladas, assalto dos orçamentos de órgãos do Executivo, a exemplo do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) e outros – para angariar a simpatia do eleitorado e apoios políticos não foram suficientes para contornar a enorme rejeição Bolsonaro.
Para tentar reverter a situação, a menos de três meses das eleições, em claro desrespeito à lei eleitoral, o atual desgoverno decidiu “abrir o saco de bondades”, com o nítido propósito de comprar votos, usando mais recursos públicos para criar benefícios diretos à população, simulando uma sensibilidade pelo sofrimento do povo que ele verdadeiramente nunca teve e nem tem.
A investida mais recente está sendo a PEC (Proposta de Emenda à Constituição 16/2022) que autoriza a ampliação de benefícios sociais como o Auxílio Brasil e Vale-Gás, e a criação de vários outros, inclusive ajuda monetária aos caminhoneiros. Tudo só até dezembro deste ano, o que escancara o indevido uso de recursos públicos para compra de votos.
A PEC 16/2022, cujo texto foi reformulado pelo relator no Senado, o bolsonarista Fernando Bezerra (MDB-PE), já foi aprovada, com previsão de um gasto extra, fora do teto, de R$ 38,75 bilhões. E já tramita na Câmara dos Deputados.
Lá, o Centrão, ávido por garantir as reeleições de seus integrantes e garantir a continuidade da farra, deverá aumentar ainda mais. Isso tudo fora das regras fiscais, que exigiriam a indicação das fontes de receita ou a indicação dos cortes de despesas constantes do orçamento do corrente exercício para atender o acréscimo de gastos.
Para driblar as regras fiscais e as vedações da lei eleitoral, tiveram os senadores o desplante de declarar na PEC um estado de emergência inexistente. E as demais instituições da República responsáveis pela fiscalização e controle dos gastos públicos permanecem silenciosas…
É inacreditável o vale tudo que estamos assistindo, promovido por um desgoverno corrupto e irresponsável, com o objetivo de permanecer no poder e afundar de vez o País. O impacto fiscal para o futuro será inimaginável, com mais dívidas, volatilidade do câmbio, elevação da taxa de juros e, por conseqüência, mais inflação.
O que esperamos é que a sabedoria popular saberá desconfiar desse verdadeiro “conto do vigário”.