“É tudo pra mim, não me desaponta / É o único amor que o dinheiro compra”. Na minha opinião, os versos de Almir Guineto, interpretados por Zeca Pagodinho, definem melhor o cachorro do que o clichê “melhor amigo do homem”.
Antes que haja retaliações de ativistas, devo dizer que sou tutor de dois golden retriever, e mesmo que tenham sido adotados, devem, sim, ser relacionados a valores monetários. Afinal, significam um gasto mensal relevante – e quem é dono de um cão sabe do que estou falando.
Poderia usar este espaço e o ensaio fotográfico que você vê para defender a causa animal e fazer desta uma pauta para trabalhos com vistas às eleições de 2026. Na Câmara dos Deputados, pelo menos 11 parlamentares foram eleitos exclusivamente com essa bandeira. Destaco os delegados Matheus Laiola (União-PR) e Bruno Lima (PP-SP), que, para além da importância legislativa, carregam milhões de seguidores em suas redes sociais.
A Frente Parlamentar em Defesa dos Animais no Congresso, coordenada pelo deputado Célio Studart (PV-CE), tem simplesmente 208 deputados de todos os espectros ideológicos. Isto significa que 40% dos Representantes do Povo estão preocupados com o tema.
Na Câmara Legislativa, Daniel Donizet (PL) foi eleito deputado distrital por uma atuação pró-animais (não falemos, aqui, das polêmicas recentes em que se meteu). Também foi em Brasília que Lula subiu a rampa do Planalto ao lado de Resistência, uma viralata adotada por Janja à época que o presidente esteve preso em Curitiba.
Jair Bolsonaro divulgou a foto acima logo após sancionar um projeto de lei que aumentou o crime para quem maltratar cães e gatos. Assim como eles, outros líderes mundiais utilizam seus pets para suavizar a imagem dura, tradicional de políticos antigos.
Dizem que o excêntrico presidente da Argentina, Javier Milei, até hoje conversa com Conan, seu cachorro falecido em 2017. Por mais absurdo que pareça, esse foi um tema relevante nas eleições por lá. Já Michel Temer, publicou uma foto ao lado de Thor quando seu governo tinha míseros 3% de aprovação popular.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ganhou a cadela Yume em gratidão ao apoio que seu governo dera para cidades japonesas após um terremoto que atingiram o país oriental em 2011. Bo Obama, cachorro da família do ex-presidente dos EUA também era visto comumente nos corredores da Casa Branca.

Como você pode ver, ter um cachorro é uma questão de opção. Humanizar a comunicação política, não.