Li, semana passada – e realmente não me lembro do nome do autor, ou autora –, um quilométrico artigo contra a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Em tal calhamaço, defendia-se que não era justo cobrar os custos dessa isenção com os cidadãos que ganham acima de R$ 50 mil mensais.
Trata-se de um jogo a ser jogado. De um lado, a sacrificada classe social bem servida de salários ou pro-labores não poderia ser explorada só para beneficiar aqueles que, ganhando até 5 mil, na verdade nem chegam a ser pobres de verdade.
(Pelos argumentos usados, trata-se de um tipo de gente capaz de degustar um prato de ovos fritos com presunto, que hoje leva a fama de ser um café da manhã gourmet).
Me ocorreu, então, um jogo que qualquer pessoa no uso de plenas faculdades mentais pode constatar. Nada mágico, desde que você tenha uma calculadora no celular e saiba ler as entrelinhas: a questão, no fundo, não é a liberação do IR para os que vivem como nababos com 5 mil reais. A questão é: quem paga a conta. E isso, para quem ganha mais de 50 mil, não é justo. Tirar da mesa desses cidadãos a carne do churrasco, a cerveja gelada e o uísque? É demais!
Mas esses são ensinamentos aprendidos desde que a humanidade entendeu o jogo de poder dos privilegiados que não querem ser obrigados a pagar impostos que nunca pagaram. (Jogo que ilude também aqueles que ganham 5 mil e acreditam estar recebendo uma fortuna pelo seu trabalho).
Se procurar direito, até na Bíblia vai encontrar o desacerto desse jogo.