J. B. Pontes (*)
Desesperado e acuado pela crescente perda de popularidade, de apoio e pela péssima avaliação de seu governo, comprovada por diversas pesquisas, Bolsonaro quer desviar o foco de seu fracasso como governante. Sabe que as suas chances de reeleição são cada vez menores e, por isso, quer “virar ma mesa” desde já.
Mas o que mais o preocupa é a real possibilidade de prisão de seus familiares. O Judiciário avança nas investigações das rachadinhas, das fake news e da promoção de atos contra a democracia. Por isso, tanto se empenha em paralisar o esforço do ministro Alexandre de Moraes para punir todos os culpados. Quer a garantia de que ele e seus familiares não sejam punidos.
Bolsonaro tenta intimidar os demais Poderes a não avançarem nas investigações contra ele próprio e seus familiares. Para isso, foca toda sua ira contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, o que mais se empenha para barrar as falcatruas e investidas de Bolsonaro e sua família e aliados contra o Estado Democrático de Direito.
Esquece-se Bolsonaro de que o Moraes, ao decretar as prisões de seus aliados, tão somente atende aos pedidos feitos pela Procuradoria Geral da República. Além disso, seu ódio volta-se, em menor intensidade, contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, que ele considera o responsável pela não aprovação do voto impresso, como tanto desejava.
A alegação, não comprovada, é da possibilidade de fraude nas eleições por meio das urnas eletrônicas, o que também é um absurdo. As urnas eletrônicas vêm sendo empregadas no Brasil há vários anos, sem que nunca se tenha notícia de fraudes comprovadas, a exemplo do que ocorria antes com o voto impresso. A contradição é tão gritante se relembrarmos que ele, Bolsonaro, foi eleito pelo processo de urnas eletrônicas…
Ao arrepio da Constituição, quer que esses ministros sejam afastados. Já tentou instaurar, no Senado, um processo de impeachment de Alexandre de Moraes, rejeitado liminarmente pelo Presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, seu aliado, tão absurda era a pretensão dele. Da mesma forma, o voto impresso foi, por sua insistência, analisado pela Câmara dos Deputados que rejeitou a implantação de tal processo de votação.
Ao que tudo indica, Bolsonaro não quer mais eleição, mas sim se tornar ditador do Brasil. Sabendo que não conseguirá se reeleger, promove, com nossos recursos e com a compra de apoiadores por empresários que estão se dando bem, a exemplo daqueles do agronegócio, todo esse tumulto, com o claro objetivo de colocar em risco a nossa democracia.
No entanto, os indicadores mostram que os desvarios alucinatórios de Bolsonaro de vir a se tornar ditador não têm respaldo na sociedade nem nas Forças Armadas, tampouco nas demais instituições, e seria rejeitado pela comunidade internacional.
As instituições têm agora que analisar esse cenário e as ameaças que ele faz e tomar as devidas providências, se quiserem salvar a nossa democracia. As opções são: salvar a democracia, agindo com firmeza contra as ameaças que Bolsonaro vem fazendo, ou ceder aos seus caprichos.
O que mais ele quer, repito, é que as instituições deixem impunes todos os crimes praticados por ele, seus familiares e apoiadores.