Há alguns meses, discute-se a privatização do Fundo de Assistência à Saúde dos Deputados Distritais e Servidores da Câmara Legislativa (Fascal). O processo já está em andamento. Diante desse fato, quero compartilhar aqui minha experiência e convidar o leitor a refletir sobre as possíveis consequências dessa privatização.
Fui servidor de livre provimento na CLDF durante três anos (de 2018 a maio de 2020), com um interstício de 16 dias. Em fevereiro de 2019, fui diagnosticado com uma neoplasia do sistema nervoso central. O médico que realizou a cirurgia contou que foi retirada da minha cabeça uma massa tumoral do tamanho de um limão.
No início de março, comecei a radioterapia, concomitantemente à quimioterapia, que durou até junho de 2019. Atualmente, estou na fase adjuvante do tratamento. A cada mês, durante cinco dias, uso quimioterápicos. No dia 30/7, terminei o 11º ciclo, de um total de 12. Depois, serei submetido a uma ressonância do crânio para definição da necessidade, ou não, de estender o tratamento por mais ciclos.
Desde o início, tenho sido assistido pelo Fascal. Em maio deste ano, em pleno trabalho “home office” determinado por Ato
Legislativo pelo presidente da CLDF, Rafael Prudente, em função da pandemia da covid-19, fui surpreendido com minha exoneração no dia em que começaria o 9º ciclo quimioterápico.
Diante de minha apreensão pela possibilidade de interrupção do tratamento, fui amparado pelos servidores do Fascal, que, além de profissionais, são seres humanos com virtudes que reverberam nos corações de todos nós, principalmente quando estamos doentes, precisando, mais do que nunca, do apoio do plano de saúde.
Eles não estão somente sentados à frente dos associados que buscam atendimento do plano de saúde. Sentam-se ao nosso lado, nos dando o ombro para um minuto de conforto, já que o sofrimento não atinge somente o nosso físico, mas, principalmente, o emocional.
Os servidores da Câmara lotados no Fascal são profissionais de excelência, comprometidos com a mais fundamental virtude dos servidores públicos: ética e reponsabilidade. Fico receoso e assustado com a decisão de privatizar o Fascal. Principalmente por saber que os planos de saúde existentes no mercado não estão preocupados com os associados.
Por que privatizar o Fascal justamente quando o Fundo apresenta superávit e, portanto, pode continuar sendo administrado pela própria CLDF sem qualquer prejuízo aos cofres públicos? O que esperarmos do Fascal, no futuro, sob a gestão de uma empresa privada, como anunciam os deputados Delmasso e Rafael Prudente?
(*) Jornalista