Condomínio do Centro Clínico Sul cria projeto de coleta seletiva e vira referência em reaproveitamento de resíduos sólidos
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“Olha o tanto de dinheiro jogado no lixo”. A observação é do odontologista Anderson Santos, apontando para os destroços do antigo hospital São Matheus, que está sendo demolido. Ele lamenta pelos entulhos que irão apenas ocupar espaço e poluir a Terra, em vez se tornar um bom negócio.
O desperdício do São Matheus é o inverso do que fazem, há nove anos, os condôminos do vizinho Centro Clínico Sul, no Setor Hospitalar Sul, onde Anderson Santos é síndico, onde declararam guerra ao desperdício do lixo.
O projeto, idealizado e criado pelo síndico visa reaproveitar 100% do lixo produzido pelas clínicas e pelas lanchonetes e restaurantes da praça de alimentação do prédio. “Hoje, entregamos para o SLU (Serviço de Limpeza Urbana) apenas 20% do lixo coletado aqui. Os restantes 80% nós reaproveitamos ou vendemos”, comemora o líder do movimento sustentável.
Para conseguir atingir a ousada meta de 100% de reciclagem, Santos conta com o apoio e entusiasmo de uma equipe formada por 29 pessoas. Para engajar os colaboradores, foi criada uma espécie de cooperativa na qual todos trabalham para recolher, separar aquilo que é descartado pelos condôminos e pelas mais de 12 mil pessoas que transitam pelo prédio diariamente.
Todo esse empenho ajuda a preservar o meio ambiente, mas também complementa a renda dos “cooperados”, com a venda dos resíduos coletados. O dinheiro é usado para promover uma festa de confraternização da equipe. A sobra é dividida igualitariamente entre todos.
Selma Soares e Alexandre de Paula são os coordenadores da cooperativa. Para eles, a “nova mentalidade” foi o maior avanço do trabalho realizado no Centro Clínico Sul. “A reciclagem nos uniu. O trabalho que fazemos aqui se estendeu para nossas casas e é um exemplo para os outros condomínios”, diz Selma, mostrando orgulhosa a organização dos materiais separados pelo colaborar Francisco Jorge – também apelidado de “prensa humana”, pela capacidade de compactar os malotes de papelão.
Por mês, passam mais de 200 mil pessoas pelo Centro Clínico Sul, deixando, em média, duas toneladas de papelão, 650 Kg de papel branco, 350 Kg de papel colorido, 400 Kg de latinhas e 350 Kg de garrafas pet. Os produtos são recolhidos, separados e vendidos.
O mais recente passo rumo aos 100% de reaproveitamento do lixo do condomínio é a estufa de compostagem. Ainda em fase de testes, a pequena usina usa apenas os bagaços das verduras e frutas descartados pelos restaurantes e lanchonetes. O objetivo é transformar em adubo a maior parte dos resíduos orgânicos. “Quando tivermos com a compostagem concluída, faltará só 10% do lixo”, comemora Anderson Santos.
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Óleo detergente
Os condôminos também compraram a briga pela reciclagem. Danielle Machado é proprietária de um restaurante na praça de alimentação do Centro Clínico Sul. Por mês, 60 Litros de óleo de cozinha poderiam entrar pelo ralo e virar responsabilidade da Caesb. Danielle, porém, fez um convênio com uma empresa de detergente e troca os 60 Litros de óleo usado por 24 frascos de detergente.
“Eu economizo no detergente – que teria que comprar de qualquer jeito – e ainda ajudo o planeta e ganho créditos de carbono”, brinca a empresária. O estabelecimento de Danielle ainda separa o lixo – como todos os demais condôminos – e possui uma caixa de gordura específica para filtrar a água antes de despejá-la na tubulação da Caesb.
Até os jardins do prédio têm função de preservação ambiental. As plantas de fitoremediação plantadas na praça de alimentação são importantes aliadas na luta contra o composto orgânico volátil (veja saiba mais). “Elas podem não ser as mais belas plantas do mercado, mas são importantíssimas para manter o nosso ar livre de impurezas”, afirma o síndico.
Instituto
Para difundir a ideia de seu condomínio, Anderson Santos criou o Instituto Condomínio Sustentável. O primeiro foco do síndico é a cidade de Águas Claras, que possui cerca de 540 condomínios fechados. Conheça o trabalho do instituto no site http://www.iconsdf.com.br
Saiba mais
Os compostos orgânicos voláteis são liberados por materiais sintéticos usados em acabamentos de casas, como tinta, verniz e solvente. A exposição a estes compostos pode causar irritação nos olhos, nariz e garganta e ainda provocar náuseas, vertigens e redução da força física.
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