Ex-líder sai da base de apoio do GDF dizendo que não troca voto por cargos, embora tivesse feito 650 indicações para funções comissionadas no Executivo
Primeiro líder do governo Rollemberg na Câmara Legislativa, o deputado Raimundo Ribeiro (PSDB) está fora da base de apoio desde terça-feira (23). O tucano se irritou com a demissão do secretário de Justiça e Cidadania, João Carlos Souto, do subsecretário do sistema penitenciário, João Carlos Lóssio, e do diretor da Penitenciária I do Distrito Federal (PDF I), Mauro Cézar Lima, indicados por Ribeiro. O trio foi demitido após a fuga de dez presos da Papuda na madrugada de domingo (21).
Raimundo Ribeiro diz que abriu mão dos 650 cargos que possuía na estrutura do governo. Segundo o parlamentar, todos os servidores solicitaram exonerações, inclusive o administrador de Sobradinho (principal base eleitoral do tucano), Divino Sales, e o diretor do Procon, Oscar Silva. Em seu primeiro discurso como oposicionista, Ribeiro condenou, paradoxalmente, o loteamento de cargos no Executivo.
“Não faço parte de uma base alugada. Não vou trocar voto por cargos no governo”, disse o deputado, apontado pelos aliados do governo como o maior detentor de funções comissionadas até então. “Todos os cargos que o governador me conferiu estão, como sempre estiveram, à disposição dele”, finalizou.
O atual líder do governo, Júlio César (PRB), rebateu as críticas do seu antecessor e afirmou que era preciso tomar uma atitude com relação às falhas na segurança do presídio. “Quando há um fato desta gravidade, o governador precisa tomar decisões pontuais”, disse. O deputado Roosevelt Vilela (PSB) também saiu em defesa do governo. “A fuga dos presos foi um atestado de incompetência da equipe”.
Os novos secretários foram nomeados na quarta-feira (24) pelo Diário Oficial do DF. A Secretaria de Justiça fica com Guilherme Rocha de Almeida Abreu, perito criminal e ex-diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Civil. A Subsecretaria do Sistema Penitenciário será comandada pelo diretor-adjunto da Polícia Civil, Anderson Espíndola, enquanto o PDF I fica a cargo de Johnson Kennedy. Todos são indicações do próprio governador.
Dança das cadeiras
Além da fuga dos presos e da necessidade de dar uma resposta à população sobre o ocorrido, há nos bastidores uma forte disputa entre o governo e a base aliada já mirando a campanha de 2018. Ribeiro era um dos parlamentares mais fortes da base governista e também um dos campeões de cargos no Executivo.
Entretanto, as tratativas que têm tido com o senador Cristovam Buarque e a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, recém-filiados ao PPS, incomodaram o governador, que decidiu reduzir o poder político do tucano. Rollemberg chegou a convidar Raimundo Ribeiro para filiar-se ao seu partido, o PSB. Ribeiro afirma que tem vários convites, mas ainda não decidiu o seu futuro e pensa mesmo em não sair de onde está.
A base de apoio a Rollemberg chegou já chegou a 20 dos 24 distritais, em junho de 2015. Atualmente, esse número pode estar reduzido a dezesseis parlamentares. E o Legislativo tem se mostrado mais independente desde o final do ano passado, quando a presidente Celina Leão proclamou-se independente em relação ao Palácio do Buriti.