Há doenças que deixam os pacientes entre a vida e a morte, mas a foice sinistra da covid-19 prostra suas vítimas entre a morte e a morte. A morte dos humanos fechou o mês de março de 2020 com 720 mil infectados no mundo e perto de 34 mil mortos. A outra, a morte do desespero, do desemprego, do prejuízo e, sobretudo, da injustiça à classe empresarial, veio com o comércio fechado e pela insensibilidade fria de uma Medida Provisória enviada ao CongressoNacional.
Felizmente, Câmara dos Deputados e Senado Federal, Casas do povo, ainda são uma esperança para nós, para que não tenhamos que prejudicar, no País e particularmente em Brasília, o socorro aos empresários em crise. As falências chegam pela paralisação do comércio, que em cascata atinge a produção industrial e a venda dos produtos aos consumidores. Desordem na economia, ao excluir do sistema de assistência social a participação dos empresários.
A Medida Provisória que corta a metade os recursos do Sesc, Senac, Sesi, Senai e tantos outros serviços sociais que a iniciativa privada presta é injusta e ilegal. Afirma que a ação é só por três meses, mas traz embutida o ovo da serpente. Há muito essa MP era dita como uma morte anunciada.
Terrível, a mera comprovação de uma tese econômica pode ser paga com vidas humanas. Estão tentando nos imobilizar, neste instante tão dramático. A pandemia da covid-19 atingiu Brasília de maneira cruel. Até o final de 2020 há uma falência econômica de R$ 1,2 bilhão nos cofres do governo.
O Distrito Federal vive uma calamidade pública. O novo coronavírus provocou, até agora, um prejuízo de R$ 500 milhões e 20 mil demissões no comércio.
A morte gera uma perda sem reposição. É um pedaço arrancado de nós. Uma dor sem palavras. O fim do sonho de um empreendimento é ferida incurável. É golpe de muitas vítimas. O empresário morto deixa viúva e dezenas de filhos com carteira assinada cujo destino está marcado. Assim, como no resto do Brasil, está Brasília: Vazia de empregos e amedrontada.
Não há termômetro melhor para sentir a febre de uma infecção no setor de serviços do que o comportamento das linhas aéreas. Em todo o País, os voos nacionais reduziram 75% em março; os internacionais diminuíram 95%, e as reservas de hospedagem até junho mergulharam 90%. A área do turismo é a que sente os primeiros efeitos. Mas, em Brasília, cidade de serviços, e nas demais, eles só serão percebidos depois.
Essa ação destruidora da covid-19 no campo da economia, gerou uma reação quase igual e contrária. O governo anunciou medidas de crédito às empresas aéreas e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no volume de R$ 35 bilhões.
No Distrito Federal tivemos o pulso, a sensibilidade e a urgência do comando de um governador. Ibaneis Rocha determinou ao Banco de Brasília, do qual o GDF é o maior acionista, que corresse em socorro da aflição dos empresários.
O BRB anunciou a abertura de crédito de R$ 1 bilhão para os empresários do DF que tiveram prejuízos após caos da covid-19. De acordo com o banco, o empréstimo seria adquirido por meio do “BRB Progiro – Capital de giro”.
Para conseguir o benefício, as empresas precisam ser associadas à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), à Federação das Indústrias (Fibra) ou à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O BRB forneceu juros desde 0,80% a.m., com seis meses de carência e 36 meses para pagar.
A presença da Fecomércio marca a diferença. Significa a participação direta da comunidade de Brasília na luta pela sobrevivência de seu comércio de bens, serviços e turismo. Ao todo, são 28 sindicatos que representam a maioria dos ofícios que servem à população.
Na crise da Covid-19, a Fecomércio passou a polarizar inúmeras ações comunitárias. Por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), foram selecionados cursos e conteúdos online gratuitos para aprimorar o conhecimento durante a quarentena; distribuição de marmitas a R$ 5 pelo Serviço Social do Comércio (Sesc); pesquisas de opinião; mesa-redonda com autoridades; e, informação, muita informação, sobre como se proteger da pandemia e comunicados oficiais, por sua Sala Virtual de Situação.
Entre nós existem pontes de solidariedade. Essa experiência amarga trouxe um recado: A solidariedade humana também se aprende no sacrifício.
(*) Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)