Segundo o Estadão, além de praticar (com muito orgulho e muito amor, acrescento eu) certos atrevimentos, o Congresso agora tomou por bem ofender a inteligência de todos, quando seus pares se negam a identificar os autores das chamadas Emendas de Comissão (além de se esquecer da Constituição que, um dia, todos juraram cumprir).
Essas emendas pegam parte da grana que circula pelos gabinetes, indo daqui pra lá, de lá pra não se sabe onde, e estão servindo para encher de grana prefeituras que jogam no mesmo time ou são aparentados de quem libera o Pix – só que ninguém explica onde, como, nem pra quê: foi para construir uma ponte, uma escola – ou simplesmente asfaltou a rodovia que leva à fazenda do beneficiado?
E não é pouca grana. Segundo o jornal paulista, as Emendas de Comissão podem chegar a R$ 15 bilhões. Isso: 15 bilhões de reais, que deveriam se explicar sozinhos onde essa dinheirama foi parar.
Mas fez-se o silêncio sobre detalhe tão incômodo. E para explicar, volto ao editorial do jornalão: parece que o Congresso se esqueceu que a inconstitucionalidade do apelidado Orçamento Secreto já foi determinada pela Suprema Corte, que decidiu pelo óbvio: esse segredo custa muito à ordem constitucional, democrática e republicana.
Parece até brincadeira de roda nos sertões: o portador da pedra – uma prenda – passa em todas as mãos. Mas se recusa a dizer em qual mão ele deixou o regalo.
Mas a brincadeira de roda é apenas uma brincadeira.