Após quatro anos de espera por um transplante multivisceral, o arquiteto brasiliense Luiz Perillo, de 35 anos, morreu, na terça-feira (30), em decorrência de complicações da cirurgia.
Perillo descobriu, quando tinha 20 anos, que sofria de trombofilia, uma alteração genética que aumenta o risco de formação de coágulos. Desde então, viveu uma rotina marcada por internações, hemodiálises e nutrição parenteral.
Com 1,85m de altura, ele chegou a pesar 34 quilos, quando, no auge da pandemia, foi diagnosticado com covid-19. Mesmo assim, nunca desistiu.
De 2020 a 2023, Perillo morou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Foram 870 dias ao lado da mãe, Jussara Martins, no leito hospitalar.
“Quando chegamos ao hospital, não era permitido acompanhante no setor de transplantes. Minha mãe passou dois meses em uma cadeira até que decidiu esticar um edredom no chão e dormir lá. Foi aí que viram que ela não desistiria de ficar comigo e nos arrumaram a “poltrona do papai”, onde ela ficou por todo esse tempo”, me contou Luiz, emocionado, em junho de 2024.
Na terça-feira, dia 23 de setembro, a família e os amigos se alegraram. “Apareceu o doador”, escreveu Luiz em um vídeo-selfie publicado no Instagram. Os cinco órgãos teriam de ser da mesma pessoa, e por isso, a dificuldade em encontrar um doador compatível. Do recebimento danotícia até o dia do falecimento, Dona Ju passava o quadro de Luiz pelas redes sociais. E foi ela quem comunicou a morte do filho.
CONSCIENTIZAÇÃO – O alcance das redes sociais de Luizo inspirou a criar a própria marca: Doe. Ali, uma parte da arrecadação com as vendas de roupas e rifas pelo Instagram é destinada para campanhas de doação de órgãos.
“Há quem acredite na tese de tráfico de órgãos, o que é um absurdo, tendo em vista tudo o que envolve a doação e a recepção de órgãos. E essa mentira dificulta quem depende de uma doação para sobreviver”, me ensinou Luiz há um ano.
SAIBA +
No dia 9 de novembro, a Lei 7335/2023, de autoria do deputado Eduardo Pedrosa (União), completa dois anos. Ela estabelece as diretrizes e estratégias para a criação e a implantação da Política Distrital de Conscientização e Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos.
ADEUS, AMIGO!
Que Deus te receba, meu amigo Luiz! E que a sua luta e a sua história continuem motivando mais pessoas a serem doadores de órgãos!