Rosilene Corrêa (*)
Em poucos dias de 2023, o Brasil já viveu emoções de naturezas opostas. Dia 1º de janeiro, centenas de milhares de pessoas tomaram a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes para celebrar a volta à presidência da República de um verdadeiro líder popular, um dos mais importantes da história do mundo. Sete dias depois, o cenário que foi de festa se tornou num campo de guerra onde havia apenas um combatente, um lado só.
Brasília, patrimônio cultural da humanidade, cidade desenhada e erguida sob a arte de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, foi ameaçada – não pela primeira vez – pelo extremismo alimentado pelo ex-presidente que não aceita a derrota nas urnas. Seus seguidores radicalizados invadiram as Casas dos Três Poderes, depredaram prédios, destruíram obras de arte, deixaram um rastro de ódio e de intolerância que, todos sabemos, são de uma parcela restrita do próprio bolsonarismo!
Tudo, no último domingo (8), aconteceu em contraste com a festa que se viu uma semana antes, onde todos e todas eram bem-vindos, onde havia lugar para quem quisesse chegar, e muito respeito pela coisa pública.
Eu sei que o que se viu no último domingo em Brasília não tem a aprovação da maioria dos eleitores e eleitoras do ex-presidente. Mas sei também que o silêncio é cúmplice, sobretudo o silêncio de quem sempre deu voz de comando à barbárie, alimentando intolerâncias de todos os tipos – inclusive através de fake news.
Do lado de cá, há mulheres, homens, negros e negras, pessoas com deficiência, crianças, adultos, idosos, indígenas, população LGBTQIA+. Do lado de cá há diferentes credos, e muita esperança num Brasil que acolha todo mundo.
Como diz aquele lindo samba-enredo da Mangueira, “eu quero um país que não está no retrato”. Aquele retrato de destruição, de desprezo pela nossa história, pelas nossas instituições, pela nossa arte… , eu não quero sair nele. Eu quero um país onde caibam todos, onde diferenças políticas são equacionadas. Violência, ameaça e crimes contra a democracia, não podem ser tolerados, nem minimizados.
Que os responsáveis sejam criminalmente responsabilizados. Que quem quer reconstruir o nosso País possa fazê-lo em paz. Paz que nosso povo merece. Aqui, há braços e muita determinação e firmeza: o governo legitimamente eleito vai governar.
(*) Professora, ex- dirigente do Sinpro-DF. Atualmente é Secretária de Finanças da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e vice-presidenta do PT-DF. Foi candidata ao Senado pelo PT.