As Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento e Emergências dos hospitais estão novamente lotados. Além da nova variante do coronavírus em circulação, a ômicron, vivemos um surto de gripe influenza e as duas coisas no período em que começa a aumentar a incidência de dengue, chikungunya e zika. Os profissionais de saúde são afetados duplamente: com aumento do volume de trabalho e, com maior exposição, também contraindo covid – adoecendo pela contaminação e pelo cansaço físico mental e emocional a que estão submetidos, especialmente desde o início da pandemia.
Segundo os boletins epidemiológicos da covid emitidos pela Secretaria de Estado de Saúde, entre o final de novembro e o final de dezembro de 2021, foram confirmados 31 casos de covid, dentre os quais 15 eram profissionais de saúde. Entre 31 de dezembro e 13 de janeiro, os casos de covid saltaram para 18.543 e 150 profissionais de saúde foram contaminados.
Para a imprensa a SES-DF informou, no dia 10, que havia 3.207 servidores afastados para cuidar da saúde: 146 por covid, 175 por gripe e 273 por outras doenças infectocontagiosas. Os demais casos não foram especificados, mas vão desde afastamentos decorrentes de gravidez a questões relacionadas à saúde mental.
Ocorre uma retroalimentação negativa ao já caótico atendimento aos pacientes que lotam as unidades de saúde: mais pacientes procuram as unidades de saúde, mais profissionais adoecem e precisam ser afastados, o que sobrecarrega os profissionais que ficam. E esses acabam adoecendo por maior exposição ou por estarem extenuados.
Importante destacar que a Organização Pan-Americana de Saúde, a Opas, aponta que o número de profissionais de saúde infectados pela covid-19 durante a pandemia foi três vezes maior do que o de profissionais infectados na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos, este último, o recordista mundial de casos de infecção e óbitos por covid-19. Parte da explicação para isso é exatamente o tipo de situação instalada aqui no Distrito Federal.
O que se percebe nisso é que, apesar de dois anos de enfrentamento à covid-19, O GDF não faz um planejamento adequado nem dá condições dignas de trabalho aos profissionais de saúde, para que esses possam prestar o socorro de que nossos pacientes precisam.
E essa situação precisa mudar com ações efetivas do GDF. Um ponto primordial é o abastecimento das unidades de saúde com equipamentos de proteção individual em quantidade suficiente. E mais que isso, a contratação, com salários dignos, de profissionais em número adequado para suprir os serviços de saúde. E isso vale tanto para o enfrentamento da pandemia de covid-19 e da epidemia de gripe quanto para os demais atendimentos de que a população precisa.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital