Orlando Pontes e Tácido Rodrigues
Em entrevista ao Brasília Capital, o presidente do PT-DF, Guilherme Sigmaringa, explicou os motivos da suspensão das prévias que definiriam o nome do partido ao GDF em 2026. Segundo ele, a prioridade é buscar consenso entre o ex-deputado federal Geraldo Magela e o presidente do Iphan, Leandro Grass, e seguir as orientações do diretório nacional, que busca compatibilizar as decisões locais com a reeleição do presidente Lula.
O PT terá ou não prévias para decidir as candidaturas a governador e vice-governador do DF em 2026? – A disposição do PT-DF de realizar prévias ficou clara quando, por unanimidade, o diretório regional aprovou essa proposta. Eu mesmo defendi esse modelo, que faz parte da minha trajetória dentro do partido e do Processo de Eleição Direta (PED). Isso demonstrou que a direção regional e a militância estavam dispostas a decidir democraticamente nossos rumos.
Mas a orientação nacional é diferente. O que o presidente nacional Edinho Silva, pensa sobre isso? – O Edinho tem orientado que busquemos sempre uma saída consensual. Ele conduz o partido de forma coletiva, ouvindo os presidentes regionais. Sobre as prévias, quando elas foram aprovadas aqui, ele estava em missão oficial na Alemanha. Depois conversamos e ficou claro que há uma diretriz nacional para que os estados priorizem acordos internos. Isso se deve também ao fato de o PT, hoje, fazer parte de uma federação com PV e PCdoB. Então, qualquer definição precisa envolver nossos parceiros. Além disso, tudo deve estar subordinado ao nosso maior projeto político: a reeleição do presidente Lula.
Essa disputa Magela x Grass divide o partido? – Não vejo como divisão. São dois companheiros do mesmo campo político, com o mesmo propósito de devolver o GDF ao campo progressista. A suspensão das prévias foi aprovada por 47 votos a favor, apenas dois contrários e cinco abstenções. Isso mostra que o partido está coeso.
Há uma data para definição da candidatura do PT? – As prévias foram suspensas, e não canceladas formalmente, mas a orientação é construir uma candidatura de consenso. O grupo de trabalho eleitoral nacional, que tratará dessas definições, deve ser formado nas próximas semanas. A tendência é avançar com o nome do Leandro Grass, que tem amplo apoio, inclusive do presidente da federação, Eduardo Brandão (PV). Mas o Magela é um companheiro histórico, com trajetória respeitada, e seguirá contribuindo com o partido, o que não o impede de viabilizar a própria candidatura.
Há chance de aliança com o PSB, que lançou a pré-candidatura de Ricardo Capelli? – Sim. O PT e o PSB fazem parte da base do governo Lula e têm o dever de dialogar. Tenho conversado com o Capelli, e acreditamos na construção de um nome de consenso para representar o campo progressista no DF.
Como avalia a operação no Rio de Janeiro que deixou mais de uma centena de mortos? – Uma tragédia. Uma operação desastrosa, feita sem inteligência e sem coordenação. Fica evidente que o Rio não consegue lidar sozinho com a situação. Entendo que o governo federal deve agir, mas de forma estruturada, porque segurança pública é uma questão nacional. É um tema central para as próximas eleições, tanto no Brasil quanto no DF.
A PEC da Segurança deve avançar após esse episódio? – Acredito que sim. A sociedade vai pressionar o Congresso, e esse debate precisa ser aprofundado com urgência.
Como avalia a possibilidade de o ex-governador Arrudana concorrer em 2026? – Ainda não há um entendimento definitivo da Justiça se a mudança na Lei da Ficha Limpa retroage para beneficiá-lo. O que temos hoje é que a nova legislação pode permitir a candidatura dele, mas há ações no Supremo que ainda vão definir isso. Mas precisamos ver se ele realmente entrará na disputa e por qual partido. É preciso pontuar que a Caixa de Pandora ainda não foi completamente elucidada, e a sociedade merece respostas. Infelizmente, há outros escândalos recentes que também precisam ser investigados. Talvez esse ranking de corrupção no DF ainda mude.
Como vê a disputa pelo Senado, onde Erika Kokay, do PT, pode ter três concorrentes de direita? – O nome da deputada Erika foi colocado com legitimidade. Ela é nossa principal liderança local. Mas também é importante apoiar a reeleição da senadora Leila do Vôlei, que tem sido uma aliada fiel do governo Lula. Precisamos das duas no Senado, e a estratégia é reforçar o vínculo delas com as conquistas do governo federal para o DF — muitas vezes omitidas pelo governo local. O governo Lula tem injetado bastante recursos na capital. Pude ver isso quando o ministro Rui Costa foi à CLDF trazer os números do Novo PAC. Investir aqui é uma forma de reafirmar que o PT está comprometido em construir uma candidatura forte, unida e sintonizada com o projeto nacional liderado pelo presidente Lula. Nosso foco é ampliar o diálogo e fortalecer o campo democrático-popular para transformar o Distrito Federal.