A entrevista do deputado Jair Bolsonaro ao programa Roda Viva, da TV Cultura, segunda-feira (30), foi um espetáculo grotesco de ataque à dignidade humana. Foi a comprovação de tudo que a sociedade brasileira esclarecida já sabia: o candidato do PSL à presidência da República é uma ameaça à democracia. Sua ascensão será a destruição de tudo o que foi construído pela Nova República e o fim do que ainda resta de democracia no Brasil.
Bolsonaro disse que vai tratar o MST como grupo terrorista. E não teve o menor pudor de dizer que a morte do jornalista Vladimir Herzog, sob tortura no DOI-CODI, não passa de suspeita. Detalhe: Vlado trabalhava exatamente naquela TV Cultura, casa onde transcorria a entrevista.
O linguajar bolsonarista ofende a dignidade das pessoas. Chegou a definir como “brincadeiras” todas as ofensas e insultos racistas, homofóbicos e misóginos que tem feito, pelos quais responde a diversos inquéritos.“É preciso acabar com a social-democracia” bradou, deixando claro que seu alvo não é apenas a esquerda.
Quando o ex-ministro e ativista dos Direitos Humanos José Gregori, em vídeo, perguntou se Bolsonaro disse a uma revista que ele, Gregori, e Fernando Henrique Cardoso tinham que ser fuzilados, o presidenciável confirmou ter feito a ameaça a FHC, mas não ao ex-ministro, “um guerrilheiro menor que não merecia ser fuzilado”. Poderia ter respeitado pelo menos a idade avançada dos dois octogenários.
Não por coincidência, a expressão foi a mesma usada para ofender a deputada Maria do Rosário: “você não merece ser estuprada”. E, para arrematar, ao responder perguntas feitas pelo mediador para encerrar o programa, disse que seu livro de cabeceira é “A Verdade Sufocada”, do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandava o DOI-Codi onde Vlado Herzog foi covardemente assassinado durante sessão de tortura.
Após tantas asneiras, resta concluir que o Brasil definitivamente precisa evitar que esse inimigo da democracia venha a nos governar. Para isso, não adianta bater de frente com aqueles que bovinamente o seguem. É fundamental conquistar e esclarecer o grande exército de mais de 60% de eleitores declarados indecisos quanto ao candidato a presidente, segundo os institutos de pesquisa.